Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Fundador da Daiso: de vendedor de peixe falido a bilionário

Divulgação
Imagem: Divulgação

Venus Feng e Grace Huang

04/07/2017 11h11

(Bloomberg) -- A venda de itens do dia a dia para caçadores de pechinchas tornou o fundador da maior loja de desconto do Japão bilionário.

Hirotake Yano, fundador e presidente da empresa de capital fechado Daiso Sangyo, que se autodenomina "país das maravilhas das compras", foi um dos primeiros lojistas do Japão a adotar o modelo de preço único e usou a estratégia para construir um patrimônio líquido que o Índice Bloomberg Billionaires avalia em US$ 1,9 bilhão.

"O tempo dele foi perfeito", disse por email Pascal Martin, sócio da OC&C Strategy Consultants. "Abriu a primeira loja de 'tudo por 100 ienes' em 1991, alguns anos depois do estouro da bolha econômica japonesa, que foi o início de uma profunda mudança na cultura de consumo do Japão."

Yano, de 74 anos, não quis comentar sobre sua fortuna, segundo uma porta-voz da Daiso.

'Criar algo grande'

A trajetória de Yano até o empreendedorismo não foi nem um pouco retilínea. Depois de se formar pela Universidade Chuo, em Tóquio, navegou por vários empregos diferentes, como o comando da empresa de pesca de seu sogro até a falência do estabelecimento, segundo o site da Daiso.

Yano começou a vender mercadorias na traseira de um caminhão em 1972 e teve a ideia de começar a cobrar 100 ienes por todas as mercadorias para economizar o tempo que levava etiquetar os itens. O empresário incorporou a Daiso, cuja tradução é "criar algo grande", em 1977.

Salários estagnados e economia em desaceleração causaram uma mudança fundamental entre os consumidores japoneses nas últimas décadas, incentivando-os a buscar uma compensação maior para seu dinheiro. Foi uma dádiva para o setor de varejo do país, cuja receita anual totaliza cerca de 600 bilhões de ienes (US$ 5,4 bilhões), segundo relatório para clientes do UBS divulgado em março do ano passado.

Daiso, a maior do setor, opera mais de 3.150 lojas no mercado doméstico e 1.800 no exterior. A varejista, que tem sede em Hiroshima, teve receita de 420 bilhões de ienes no exercício encerrado em março deste ano, comparados aos 81,8 bilhões de ienes em 1999.

A ação da Seria, segunda maior varejista de desconto do Japão, já subiu 39% neste ano, valorizando a participação de 37% de Hiromitsu Kawai e sua extensa família, atualmente avaliada em US$ 1,3 bilhão. Kawai, que fundou a empresa da cidade de Ogaki em 1987, transferiu o controle para o sobrinho Eiji Kawai, que entrou no negócio como diretor-gerente em 2003 e foi nomeado presidente em junho de 2014.

Masanori Kobayashi, porta-voz da Seria, confirmou a participação da família, mas não comentou sobre a fortuna do grupo.

Produtos peculiares

A Daiso vende cerca de 70 mil utensílios domésticos, uma coleção pouco convencional que inclui patins de dedo, cabeças de manequim, dinheiro falso, roupas para animais de estimação, meias para pés de cadeiras e bolsas para guardar livros de história em quadrinhos. A receita da varejista subiu 6,3% neste ano fiscal de 2017, em comparação com o crescimento de 11% da Seria.

Yano atribui seu sucesso a uma astuta fonte de produtos, que permite à Daiso oferecer itens de alta qualidade juntamente com artigos necessários e peculiares, todos por 100 ienes cada, o equivalente a US$ 1. Sua equipe de compras negocia diretamente com os fabricantes para encomendar grandes quantidades a preços baixos, estratégia semelhante à usada pelo Wal-Mart, maior varejista do mundo, com sede em Bentonville, Arkansas, nos EUA.

Embora a economia do Japão esteja florescendo --cinco trimestres consecutivos de crescimento, o maior período de expansão em uma década--, o desejo de barganhas continua firmemente enraizado na mente dos consumidores.