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Segunda-feira de fusões chega à Ásia com US$ 19 bi em acordos

Timothy Sifert e Vinicy Chan

10/07/2017 15h27

(Bloomberg) -- A segunda-feira de fusões chegou à Ásia.

As empresas asiáticas anunciaram cerca de US$ 19 bilhões em transações em menos de 24 horas, gerando o início de semana mais movimentado para os negócios da região em quase um ano, segundo dados compilados pela Bloomberg. O dia foi encabeçado pelo bilionário Sun Hongbin, que selou a maior aquisição imobiliária da história da China nesta segunda-feira, seguido de um acordo para criar a maior empresa de transporte marítimo operando nas rotas comerciais do Oceano Pacífico.

A série de transações desta semana é um raio de esperança para os banqueiros de investimento da região, que viram os volumes caírem depois que o governo chinês alertou sobre riscos nos investimentos no exterior e reprimiu alguns tipos de negócios. As fusões e aquisições asiáticas caíram 13 por cento no período de seis meses terminado em junho, para US$ 495,5 bilhões, pior primeiro semestre desde 2014, mostram dados compilados pela Bloomberg.

"É raro ver várias transações serem anunciadas em um curto espaço de tempo", disse Steven Leung, diretor-executivo da UOB Kay Hian em Hong Kong, por telefone. "A segunda-feira de fusões é mais comum nos EUA devido à grande quantidade de negócios."

Transportadora de contêineres

A sequência começou na noite de domingo, quando a transportadora de contêineres estatal chinesa Cosco Shipping Holdings ofereceu US$ 6,3 bilhões pela Orient International, sua rival de Hong Kong. Depois, na manhã de segunda-feira, a Dalian Wanda Group anunciou dois negócios avaliados em um total combinado de US$ 9,3 bilhões para venda de ativos como parques temáticos e hotéis para a Sunac China Holdings.

A construtora chinesa Future Land Development Holdings afirmou antes da abertura do mercado, na segunda-feira, que está se preparando para anunciar uma possível oferta para privatização da empresa, que tem um valor de mercado de US$ 2 bilhões. A Wanda Film Holding, do magnata do setor imobiliário Wang Jianlin, também revelou detalhes de uma possível compra, afirmando que planeja emitir novas ações para adquirir a divisão de produção de filmes de sua empresa controladora Wanda Pictures.

"Os negócios ocorrem em setores que estão prontos para consolidação", disse Sam Lee, diretor de pesquisa de ações da unidade de Hong Kong da China Merchants Securities. "Os setores de transporte marítimo e de imóveis da China estão enfrentando um ambiente operacional difícil, por isso as empresas desses setores podem querer ganhar participação de mercado e competitividade por meio de fusões e aquisições."

A última vez com tantos negócios na Ásia foi em 18 de julho do ano passado, quando as empresas, lideradas pela SoftBank Group, iniciaram a semana fechando mais de US$ 30 bilhões em transações, mostram dados compilados pela Bloomberg. A SoftBank, apoiada pelo bilionário Masayoshi Son, anunciou um acordo de segunda-feira para compra da desenvolvedora de chips ARM Holdings logo depois que o Reino Unido decidiu, em referendo, deixar a União Europeia. No mesmo dia, um grupo de investidores chineses afirmou que compraria o negócio de navegadores web da desenvolvedora norueguesa Opera Software.

Anunciar acordos às segundas-feiras permite que os banqueiros e os advogados passem o fim de semana estabelecendo os termos finais de uma transação, sem se preocupar com vazamentos durante as horas de negociação e com os requisitos para manter os investidores informados. A prática é utilizada principalmente nos EUA e na Europa, mas sua importância poderia crescer em mercados como a China, onde as empresas precisam suspender o trading quando negociam uma transação importante.

Versão em português: Taís Fuoco em São Paulo, tfuoco1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Timothy Sifert em Hong Kong, tsifert@bloomberg.net, Vinicy Chan em Hong Kong, vchan91@bloomberg.net.