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Privatização rende grande descoberta de petróleo no México

Adam Williams e Angelina Rascouet

12/07/2017 10h17

(Bloomberg) -- A decisão do governo mexicano de permitir a exploração de petróleo e gás por empresas privadas começou a compensar após a descoberta de pelo menos um bilhão de barris em um novo campo offshore.

Um consórcio formado pelas empresas Premier Oil, Sierra Oil & Gas e Talos Energy fez a descoberta nas águas rasas da região sul do Golfo do México apenas dois anos depois de ganhar a licença de exploração. Esta é a primeira descoberta de uma empresa privada no país em quase 80 anos, segundo a consultoria Wood Mackenzie, o que só foi possível porque o governo acabou com o monopólio da estatal Petróleos Mexicanos.

A descoberta de Zama "é a conquista mais importante da reforma energética do México até o momento", afirmou Pablo Medina, analista sênior de upstream para a América Latina na Wood Mackenzie. "Este é um dos 15 maiores campos de águas rasas descobertos em todo o mundo nos últimos 20 anos."

O México abriu a exploração a empresas privadas em uma tentativa de retardar e até reverter o declínio de sua produção de petróleo. A produção caiu em cerca de um terço na última década, segundo dados da BP. O país bombeou em média 2,5 milhões de barris por dia no ano passado, nível mais baixo em mais de 30 anos. Depois que o país inicialmente teve dificuldades para atrair interesse por seus campos, empresas como a gigante italiana Eni estão apresentando ofertas pelas licenças e fazendo descobertas.

Quando a Premier Oil e suas parceiras abriram o poço de exploração Zama-1, em maio, as estimativas apontavam um conteúdo de até 500 milhões de barris de petróleo. A Premier afirmou na quarta-feira que há pelo menos um bilhão de barris de petróleo no poço, enquanto a Sierra informou que o alvo primário contém entre 1,4 bilhão e 2 bilhões de barris e que pode se estender a um bloco vizinho.

Acontecimento importante

"O petróleo descoberto no poço Zama-1 é um acontecimento extremamente importante para a Premier, para a joint venture e para o México", disse Tony Durrant, CEO da Premier Oil, em comunicado, na quarta-feira. As ações da Premier Oil subiram 38 por cento e eram negociadas a 64 pence nas negociações em Londres.

O campo está localizado a 60 quilômetros ao largo do porto mexicano de Dos Bocas, em 166 metros de águas, e contém óleo leve, afirmou a Premier Oil em comunicado. A perfuração no poço, conhecido como Zama 1, será mantida em direção a um alvo mais profundo no mesmo local, informou a Sierra em comunicado.

A Talos Energy, operadora do bloco, possui uma participação de 35 por cento no empreendimento. A Sierra -- respaldada por Blackrock, Riverstone Holdings e EnCap Investments -- detém 40 por cento e a Premier tem uma fatia de 25 por cento.

O bloco foi o mais procurado dos 13 oferecidos no primeiro leilão do México, em julho de 2015, e o grupo superou por pouco uma oferta da norueguesa Statoil. O Zama 1 foi aberto em 21 de maio, na primeira vez em que uma empresa privada perfurou um novo poço de petróleo offshore em águas mexicanas desde o fim do monopólio estatal. A descoberta de petróleo anterior da Eni surgiu com a extensão da perfuração de um poço existente.

O governo mexicano receberá uma participação nos lucros de 68,99 por cento de cada barril produzido no bloco e de até 80 por cento considerando impostos e taxas ao longo do projeto, segundo o comunicado da Sierra.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Adam Williams em Cidade do México, awilliams111@bloomberg.net, Angelina Rascouet em Londres, arascouet1@bloomberg.net.