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Velocidade não é sinônimo de ganhos nas bolsas dos EUA

Annie Massa e Charlotte Chilton

13/07/2017 14h29

(Bloomberg) -- As firmas que negociam ativos em alta velocidade colocaram o pé no freio.

Apesar das críticas de que velocidade e tecnologia dão vantagens injustas, as firmas de negociação em alta frequência estão gerando menos retorno. Um motivo é a pouca turbulência no mercado otimista dos EUA ? um desafio para traders de alta frequência e outros formadores de mercado por restringir a volatilidade e o volume de negócios, limitando lucros.

"Não vai voltar", disse Richard Johnson, analista de tecnologia e estrutura de mercado da Greenwich Associates, em Stamford, no Estado americano de Connecticut. "Por alguns anos após a crise, as pessoas estavam negando a realidade e tocaram seus negócios como sempre. Não vai voltar para aquele nível, as pessoas têm de aceitar isso."

O quadro criou uma crise de identidade. Firmas como a Virtu Financial buscam novos negócios e outras saíram totalmente do mercado. Uma estatística resume bem a situação: os formadores de mercado para ações dos EUA geraram US$ 7,2 bilhões em receita em 2009 e somente US$ 1,1 bilhão no ano passado, de acordo com estimativas da Tabb Group.

Essa batalha é importante porque os formadores de mercado ajudam investidores a comprar e vender ativos quando querem. A vanguarda da formação de mercado é a transmissão de dados em alta velocidade - por cabos submarinos de fibra ótica e micro-ondas que cruzam continentes. No passado, a formação de mercado era realizada por gente que disputava lugar no pregão.

A Virtu, firma sediada em Nova York que negocia mais de 12.000 instrumentos financeiros em 235 mercados ao redor do mundo, é líder em negociação automatizada, mas fechou uma aquisição que pode transformá-la. A Virtu está comprando por aproximadamente US$ 1,3 bilhão a concorrente KCG Holdings, que tem cinco vezes mais funcionários.

Os ganhos da Virtu caíram de seu patamar mais alto, com o lucro líquido caindo para US$ 158 milhões no ano passado de US$ 197 milhões em 2015. As ações são negociadas abaixo do preço da oferta inicial de US$ 19.

Negociadores de alta frequência usam tecnologia avançada e profundo conhecimento do mercado eletrônico para executar ou cancelar transações. Regulamentos introduzidos no início da década de 2000 empurraram o mercado acionário dos EUA para o universo eletrônico e essa estratégia rendeu frutos. Porém, o custo de gestão dessas redes complexas aumentou à medida que passaram a incluir gastos com torres de micro-ondas e com a compra de dados exclusivos vendidos pelas bolsas. Algumas firmas reconhecem que o retorno está diminuindo na corrida pelas redes mais rápidas.

Compressão

"As transações baseadas apenas em velocidade estão sendo comprimidas pelos dois lados ? pelo aumento do custo da infraestrutura e pela baixa volatilidade, que oferece menos recompensa para o mais rápido", disse Eric Pritchett, presidente e responsável por risco da Potamus Trading, firma especializada em negociação eletrônica sediada em Boston. "Isso não significa que não há um grande prêmio para o vencedor. Então acaba sendo uma oportunidade para as poucas firmas que restaram."

A compressão também leva as firmas a procurar novas oportunidades de receita.

"A negociação em alta frequência vai entrar em novas áreas", disse Ari Rubenstein, cofundador da Global Trading Systems, uma concorrente da Virtu. Os executivos dessas firmas "precisam apresentar ideias fora da caixa", ele sugere.

Versão em português: Patricia Xavier em Sao Paulo, pbernardino1@bloomberg.net.

Repórteres da matéria original: Annie Massa em N York, amassa12@bloomberg.net, Charlotte Chilton em N York, cchilton4@bloomberg.net.