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Vendas aquecidas de bebida gelada podem ajudar mercado do café

Marvin G. Perez

20/07/2017 13h21Atualizada em 21/07/2017 09h30

(Bloomberg) -- Será que o café gelado conseguirá acordar os sonolentos mercados do café?

O aumento das vendas dessa bebida, que está na moda no verão do Hemisfério Norte, levou empresas como Starbucks e Dunkin' Donuts a ampliar a oferta. Para processadores e produtores, o café gelado pode gerar mais vendas de grãos em uma época do ano em que a demanda costuma diminuir. A necessidade de absorver a oferta excedente é especialmente importante diante da queda de 21 por cento do preço dos futuros do café arábica em Nova York nos últimos 12 meses e das previsões de desaceleração do ritmo de crescimento da demanda nos EUA.

A preparação a frio traz dois benefícios: usa mais que o dobro da quantidade de grãos moídos e resiste às eficientes cápsulas de dose única que reduziram o consumo e o desperdício de café. No período de 12 meses encerrado em fevereiro, as vendas de café gelado nos EUA cresceram cerca de 80 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com estimativas da StudyLogic, empresa de pesquisa com sede em Cedarhurst, Nova York. As vendas de café quente caíram 3 por cento durante o mesmo período. Os americanos beberam 105 bilhões de xícaras período de 12 meses encerrado em maio, disse o diretor de operações da StudyLogic, Samuel Nahmias.

"Nós normalmente não temos um produto que promova o crescimento, mas agora o café gelado está fazendo isso", disse um animado Jonathan Del Re, ex-executivo de fusões e aquisições. Ele é dono da Dallis Bros. Coffee, uma empresa de torrefação em Long Island City, no Queens, e da Lacas Coffee na Filadélfia. "Este vai ser o verão do café gelado [nos EUA]."

Bastam 200 gramas de grãos para preparar 3,8 litros de café quente, mas o café extraído a frio requer 450 gramas, de acordo com Michael Kapos, um torrador de café de terceira geração e vice-presidente de vendas da Downeast Coffee Roasters em Pawtucket, Rhode Island. Isso eleva o custo de cada xícara ? em uma cafeteria Starbucks no centro de Manhattan, uma xícara média de café quente comum custa US$ 2,67, e a de café frio é vendida por US$ 3,76.

Maior demanda

Projeta-se que o consumo total de café nos EUA seja recorde em 2017-18, 1,5 por cento maior. Esse ganho fica atrás dos 4,4 por cento registrados no ano anterior, mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA.

A crescente popularidade do café gelado está aumentando as vendas durante os meses de verão do Hemisfério Norte, disse Kapos. É uma "nova fonte de receita" para sua empresa de 64 anos, porque além de aumentar o uso de matérias-primas, os clientes estão pedindo bebidas prontas para consumir.

As empresas de serviços alimentares e varejistas estão solicitando suprimentos em barris ou baldes porque o processo de preparação exige muita mão de obra e ocupa mais espaço em cafeterias e restaurantes. A Downeast Coffee passou a fornecer o café extraído a frio a clientes em outubro do ano passado e agora tem mais de 40 pedidos regulares. "A demanda está uma loucura", disse Kapos.

Isso ajudou a animar um pouco o mercado de grãos de café, junto com os sinais de restrição dos estoques no Brasil e no Vietnã, os maiores produtores mundiais, e problemas com a safra da Colômbia. Desde que os futuros do arábica em Nova York atingiram o valor mais baixo de 15 meses em 22 de junho, os preços subiram 17 por cento, e foram negociados a US$ 1,3545 por libra-peso nesta quinta-feira. O valor continua 7,9 por cento abaixo do registrado no ano anterior.

--Com a colaboração de Sydney Maki e Fabiana Batista