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Chileno Sonda é melhor aposta após reforma trabalhista no Brasil

Eduardo Thomson

25/07/2017 14h35

(Bloomberg) -- A ação de pior desempenho do Chile pode se transformar na melhor aposta do mercado.

O Sonda caiu 5 por cento neste ano e se tornou a pior das 40 empresas do índice de referência IPSA em um momento em que a maioria de seus pares atinge altas recorde. A ação agora deverá superar suas compatriotas graças ao panorama de reformas no Brasil.

Os investidores se afastaram do Sonda por causa da dependência da provedora de serviços de TI em relação ao maior país da América do Sul. O Brasil, que representa mais de um terço da receita da Sonda, está com dificuldades para deixar sua pior recessão para trás. Analistas estimam que a empresa subirá 18 por cento nos próximos 12 meses, maior ganho entre todos os membros do IPSA, com mais de três recomendações. A aposta deles é que a reforma trabalhista brasileira permitirá que os empregadores reduzam drasticamente os custos com mão de obra.

"Vemos o Brasil surgir como um dos mercados de trabalho mais flexíveis dos países em desenvolvimento", disse o analista do Scotiabank, Andrés Coello, em nota de 11 de julho, quando atribuiu ao Sonda uma projeção de desempenho acima da média do setor.

Em 2014, o Brasil gerou a maior fatia das vendas da empresa, respondendo por 44 por cento do total. A fatia caiu 10 pontos percentuais e o Brasil agora está atrás do Chile. O país também está pesando sobre os resultados. O Sonda informou na segunda-feira uma queda de 67 por cento do resultado antes de juros e outros itens no Brasil durante o primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, o que levou a um declínio de 19 por cento do Ebitda total.

"A recuperação mais forte [no Brasil] continua dependente da aceleração da receita, algo que não acreditamos que aconteça agora", disse Carlos Sequeira, analista do BTG Pactual, em nota de segunda-feira. O Sonda informou por meio de uma assessoria de imprensa externa que preferia não comentar essa reportagem.

Muito depende agora da nova legislação trabalhista. Ela foi aprovada em 11 de julho e permite negociações diretas entre trabalhadores e empregadores, e não por meio de sindicatos. As negociações sobre horas extras, feriados e até horários de almoço serão mais flexíveis e os empregadores ganharão vantagem na Justiça porque os indivíduos enfrentarão limitações para abertura de ações judiciais. O volume de ações trabalhistas é expressivo no Brasil.

Mais de 11.500 funcionários do Sonda estão no Brasil, contra aproximadamente 3.400 no Chile, e cerca de 35 por cento da receita consolidada é destinada ao pagamento de custos com mão de obra, segundo o Scotiabank. A fatia contrasta com a média de 14 por cento das empresas do IPSA, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Sonda não detalha a cifra, mas tomando uma fatia de 40 por cento como referência, o Scotiabank calcula que uma redução de 7,5 por cento nos custos com mão de obra aumentaria a estimativa de Ebitda da empresa em 2017 para o Brasil em 54 por cento.

As corretoras locais também veem uma oportunidade no Sonda. A BICE Inversiones e a Inversiones Security adicionaram a provedora de TI ao seus portfólios de ações chilenas preferidas neste mês, citando as expectativas de recuperação econômica e seu plano de crescer por meio de aquisições. Em junho, o Sonda anunciou que fechou acordo para pagar cerca de US$ 8 milhões à colombiana Compufácil e que concluiu 12 aquisições nos últimos 10 anos por um total de cerca de US$ 740 milhões.

"Obviamente ocorrerá uma recuperação da ação e o Brasil voltará a ter um peso equivalente ao de 2015 e 2014 sobre os resultados do Sonda", disse Sebastián Carvallo, analista da BICE Inversiones, de Santiago.

--Com a colaboração de Matthew Malinowski