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O detalhe que ficou fora do plano de redução do balanço do Fed

Richard Miller

25/07/2017 09h20

(Bloomberg) -- O banco central dos EUA vem delineando meticulosamente o processo de redução de seu balanço patrimonial de US$ 4,5 trilhões. Mas um detalhe ficou fora: O que fará com o dinheiro que continuará reinvestindo?

O plano é que a redução comece lentamente. Em princípio, a parcela de títulos próximos da data de vencimento que serão reinvestidos será maior do que a parcela que o Federal Reserve deixará vencer. Portanto, o modo como usará esse dinheiro terá importantes implicações para os investidores, com risco de aperto de liquidez nos títulos do Tesouro de prazo mais longo, dependendo do que o Fed decidir.

"Em termos da mecânica, esta parece ser a única questão que sobrou" a respeito do balanço patrimonial, disse Mark Cabana, estrategista-chefe de juros de curto prazo nos EUA do Bank of
America, em Nova York. "Se o Fed fizer um ajuste substancial em sua política de reinvestimento, isso teria impacto."

A presidente da instituição, Janet Yellen, e seus colegas do comitê de política monetária (Federal Open Market Committee ou FOMC) provavelmente vão discutir o assunto durante a reunião de dois dias que começa nesta terça-feira. A expectativa é que o encontro termine sem alteração na taxa básica de juros.

Especialistas sondados pela Bloomberg na semana passada esperam que o FOMC aguarde até setembro para anunciar o início da redução do balanço patrimonial. Segundo a pesquisa, só existe 13 por cento de chance de o anúncio sair nesta semana.

O Fed atualmente não administra ativamente a duração de seus reinvestimentos e simplesmente aloca seus lances proporcionalmente às quantias oferecidas pelo Tesouro por meio de leilões de dívida pública.

O que não foi definido é se o banco central deve mudar essa estratégia quando a redução do balanço começar e alocar mais dos recursos que estão vencendo para papéis do Tesouro de prazo mais curto. O objetivo seria acelerar a volta do balanço patrimonial para patamares de normalidade em termos de tamanho e duração, assim diminuindo a presença do Fed no mercado de títulos.

Mercado de recompra

O problema é que isso também restringiria sua capacidade de agir como freio do mercado porque o banco central não teria títulos de prazo mais longo disponíveis em sua carteira de ativos para ceder em empréstimo.

"Haveria mais episódios de compressão técnica" no mercado de recompra, explicou Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP, em Jersey City, Nova Jersey. Isso pode afetar principalmente os papéis com vencimento em 10 anos, que têm enorme volume de negócios.

Representantes do Fed avisaram que pretendem começar a reduzir a montanha de títulos do Tesouro e títulos vinculados a hipotecas neste ano, mas ainda não definiram uma data específica.

A redução mensal seria inicialmente limitada a US$ 6 bilhões para títulos do Tesouro e US$ 4 bilhões para dívidas atreladas a financiamentos imobiliários. Gradualmente, os limites subiriam para US$ 30 bilhões e US$ 20 bilhões, respectivamente.

Na carteira do Fed, US$ 89,7 bilhões em títulos do Tesouro vencem neste ano e US$ 425,6 bilhões vencem em 2018.

--Com a colaboração de Alexandra Harris e Liz Capo McCormick