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Waymo diz que advogados do Uber participaram de roubo de segredo

Joel Rosenblatt

26/07/2017 13h33

(Bloomberg) -- A Waymo alega que o Uber teve cúmplices no roubo de inestimáveis segredos comerciais de tecnologia de direção autônoma -- os próprios advogados da gigantesca empresa de transporte compartilhado.

O Uber confiou aos advogados do escritório Morrison & Foerster (MoFo), de São Francisco, a tarefa de suprimir e resguardar qualquer informação proprietária que possa ter sido tomada por um dos principais engenheiros da Waymo, Anthony Levandowski, ao deixar abruptamente a empresa, no ano passado. Posteriormente ele se juntou ao Uber, levando consigo outros ex-engenheiros da unidade de direção autônoma da Alphabet.

O Uber agora luta para evitar que seu escritório de advocacia externo seja desqualificado e impedido de defender a empresa no processo judicial de segredos comerciais da Waymo. A Waymo alegou que os advogados do MoFo ajudaram a encobrir o roubo e afirmou que quer convocá-los como testemunhas.

Em meio aos preparativos das empresas para o julgamento, marcado para outubro, a Waymo quer que os jurados saibam como esses advogados conduziram a aquisição de US$ 680 milhões da empresa de Levandowski, a Ottomotto, pelo Uber e também a transferência do engenheiro para a empresa de transporte compartilhado. A Waymo pretende usar esses detalhes para reforçar suas acusações de que o Uber conspirou com Levandowski para roubar uma tecnologia valiosa em meio à acirrada disputa para a comercialização de veículos autônomos.

O juiz distrital americano William Alsup deverá analisar nesta quarta-feira se a participação do MoFo na aquisição pode ser incluída no julgamento. Uma decisão judicial favorável à Waymo pode abrir a possibilidade de a unidade da Alphabet utilizar um conjunto muito mais amplo de evidências para impugnar sua rival.

Arturo González, sócio do MoFo que representa o Uber, disse que a Waymo está tentando tirar sua empresa do caso por desespero.

"Como não encontraram nenhuma evidência para sustentar as acusações, eles se perguntam, 'o que fazemos?'", disse ele. "E aí alguém levanta a mão e diz: 'já sei, vamos tentar desqualificar os advogados deles'."

Due diligence

O Uber sustenta que a Waymo está descaracterizando as ações de seus advogados externos, que, segundo a empresa, fizeram a coisa certa ao contratar a companhia forense cibernética Stroz Friedberg para colocar em quarentena qualquer informação sensível que Levandowski tivesse da Waymo ou da Google -- e afastá-la da Uber -- durante o processo de due diligence para a aquisição da Ottomotto.

"O MoFo e a Stroz foram mantidos com o objetivo de impedir qualquer violação de direitos de propriedade intelectual ligados à aquisição da Ottomotto pelo Uber e estavam impedidos contratualmente de divulgar ao Uber (e não o fizeram) qualquer informação confidencial ou proprietária da Waymo", argumentou a Uber em declaração à Justiça.

A Waymo afirma que o escritório de advocacia traficou arquivos roubados -- ou pelo menos descrições de arquivos roubados -- quando seus advogados ajudaram a estruturar a aquisição da Ottomotto. É por essa razão que os advogados do MoFo devem ser obrigados a testemunhar e que a empresa como um todo deve perder a qualificação para defender o Uber, argumenta a Waymo.