Libor: ascensão e queda do 'número mais importante do mundo'
(Bloomberg) -- Há meio século, a taxa interbancária do mercado de Londres -- mais conhecida como Libor -- foi uma presença constante nos mercados financeiros. Após começar como uma taxa de juros simples para ser utilizada em empréstimos sindicalizados, sua importância aumentou quando os bancos começaram a usá-la para determinar a parte flutuante dos contratos de derivativos.
A taxa é baseada em uma pesquisa e um escândalo explodiu no rescaldo da crise financeira quando se revelou que traders do mundo inteiro tinham mentido sobre os custos do crédito na tentativa de ajustar a taxa às suas posições de trading. Ao mesmo tempo, gerentes seniores pediam aos funcionários que adequassem os preços nas apresentações de seus bancos para dar a impressão de que eles estavam mais saudáveis do que realmente estavam.
Quase uma década depois, autoridades do mundo inteiro ainda tentam separar os mercados da Libor e trocá-la por algo menos passível de ser manipulado. Andrew Bailey, o CEO da Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês), diz que quer eliminar a Libor em 2021.
Estes são alguns dos momentos fundamentais na acidentada história da referência.
* 1969. Um banqueiro grego chamado Minos Zombanakis fechou um acordo inovador sob o qual um grupo de credores emprestaria US$ 80 milhões ao xá do Irã com uma taxa de juros que seria recalculada a cada poucos meses com base nos custos de financiamento do banco no momento. Esse foi um dos primeiros empréstimos sindicalizados e (provavelmente) o primeiro a cobrar uma taxa de juros variável determinada por uma pesquisa, lançando as bases para uma enxurrada de empréstimos corporativos.
* 1986. À medida que os empréstimos sindicalizados cresciam também aumentava a demanda por uma taxa padronizada, universalmente aceita, e em 1986 a Associação de Banqueiros Britânicos (BBA, na sigla em inglês) formulou a LIBOR. Todas as manhãs, a BBA perguntava a um painel formado pelos maiores bancos do mundo quanto custaria tomar empréstimos em diversas moedas para períodos que abrangiam de overnight até um ano. Depois, a BBA calculava uma média para cada um e publicava os números ao meio-dia. A BBA descreveria mais tarde a Libor como "o número mais importante do mundo".
* 2008. Os primeiros sinais públicos de problemas com a Libor chegaram no começo da crise financeira, quando o Wall Street Journal publicou uma matéria que sugeria que os bancos estavam reduzindo seus números para evitar a percepção de que estavam tendo problemas para tomar empréstimos. A BBA negou o fato, mas os membros do setor sabiam que o mercado de crédito interbancário estava esgotado, o que significava que os bancos basicamente inventavam seus números todas as manhãs.
* 2012. O Barclays foi o primeiro banco a fechar um acordo com as autoridades sobre as acusações de que havia manipulado a Libor. Os documentos do acordo deixavam claro que, além de reduzir os números, os traders tinham aumentado ou diminuído a taxa durante anos para aumentar seus lucros. Isso provocou a indignação pública e a demissão do CEO do banco, Bob Diamond. Nos anos posteriores, vários banqueiros e corretores foram implicados no escândalo e pagaram US$ 9 bilhões em multas.
* 2017. Andrew Bailey, da FCA, anuncia o fim da Libor. O regulador diz que a era das estimativas de especialistas para referências chegou ao fim e que ele pretende implementar um novo sistema baseado em transações reais até o fim de 2021.
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