Excesso de oferta acelera depreciação de carros usados nos EUA
(Bloomberg) -- As vendas de carros nos EUA estão aumentando há sete anos consecutivos, situação que está diminuindo o valor dos veículos atualmente estacionados nas garagens. Há tantos carros deixando as concessionárias, e instantaneamente virando carros usados, que o mercado secundário acabou apresentando excesso de oferta e, com isso, o ritmo de depreciação está acelerando rapidamente.
Devido a esse fenômeno, a diferença entre um carro seminovo e uma lata-velha ficou ainda menor.
O carro usado médio perdeu 17 por cento de seu valor nos últimos 12 meses, passando de US$ 18.400 para US$ 15.300, segundo dados da Black Book, uma empresa de análises automotivas. Essa depreciação anual também vem aumentando de forma constante. O carro usado médio atualmente perde valor quase duas vezes mais rapidamente do que em 2014, quando a taxa anual era de apenas 9,5 por cento.
"Nós nos colocamos em uma situação de excesso de oferta", disse Jim Hallett, CEO da KAR Auction Services, que vende cerca de 5 milhões de carros usados por ano. "Ninguém está interessado em ampliar o estoque agora." Tradução: se você está vendendo um carro usado, não espere conseguir um grande negócio.
Certos segmentos estão perdendo valor mais rapidamente ainda. Os carros subcompactos, como o Honda Fit, e os sedãs grandes, como o Chevrolet Impala, estão se depreciando mais velozmente do que a média. Grandes SUVs, vans e picapes estão mantendo seu valor um pouco melhor e os importados tendem a cair mais rapidamente do que os modelos domésticos.
O problema, é claro, é a oferta. Os sete anos consecutivos de aumentos das vendas de automóveis nos EUA colocaram um excedente de veículos nas ruas. Além disso, uma fatia cada vez maior dessas vendas é fechada por meio de leasing, por isso atualmente existe um grupo crescente de máquinas voltando ao mercado devido ao fim de seus contratos de três anos.
As fabricantes de automóveis, que ampliaram a capacidade de produção, também estão oferecendo incentivos maiores para veículos novos apenas para manter o impulso recorde de vendas. Isso aplica uma pressão descendente em todo o mercado, segundo Hallett, mesmo para carros usados.
Consequentemente, o número de motoristas que devem somas superiores ao valor de seus carros financiados está crescendo. Os norte-americanos estão pagando -- ou tentando pagar -- 108 milhões de financiamentos automotivos atualmente, segundo os dados mais recentes do Federal Reserve. O número representa cerca de metade dos motoristas com carteira dos EUA. Ao mesmo tempo, 14 por cento dos americanos têm um patrimônio líquido negativo. Entre aqueles com dívidas maiores do que seus ativos, segundo o Federal Reserve, os financiamentos automotivos constituem 10 por cento a 23 por cento de suas obrigações financeiras totais.
Com isso, não surpreende que a KAR Auctions preveja um número cada vez maior de reaquisições. A empresa estima que cerca de 2 milhões de veículos serão tomados pelos credores neste ano e adicionados ao mercado de carros usados, contra 1,1 milhão no pior momento da última recessão.
Para entrar em contato com o repórter: Kyle Stock em Nova York, kstock6@bloomberg.net.
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