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Sites ignoram preferências dos usuários e apostam em vídeo

Gerry Smith

29/08/2017 15h00

(Bloomberg) -- Mic, um site voltado para jovens da geração Y, empregava 40 redatores e editores que produziam artigos sobre assuntos como "celebrar a beleza" e "mulheres fortes". Dez foram despedidos neste mês e a nova sala de redação, agora com 63 pessoas, está focando em fazer vídeos para sites como Facebook.

Para os críticos, essas medidas são "100 por cento cínicas" e não estão em sintonia com a demanda do público. No entanto, os americanos estão assistindo a mais trechos de vídeos on-line, porque secretamente gostam ou porque está ficando cada vez mais difícil evitá-los. O crescente público de vídeo, mais valioso para os anunciantes do que o espaço ao lado do texto, está fazendo com que os sites transfiram recursos no que ficou conhecido em todo o setor como pivotar para o vídeo.

"Quando se pensa na quantidade de horas que as pessoas passam assistindo a vídeos e no tempo que elas passam lendo, o público já se manifestou", disse Chris Altchek, CEO da Mic. Os espectadores deste site passam 75 por cento do tempo com conteúdo "visual", como vídeos, e não com texto, disse ele.

Calcula-se que os americanos passarão 81 minutos por dia vendo vídeo digital em 2019, em comparação com 61 minutos em 2015, de acordo com as projeções da empresa de pesquisa eMarketer. Estima-se que o tempo gasto na leitura de um jornal cairá para 13 minutos por dia, contra 16 minutos durante esse período. Resta saber se essas tendências vão sustentar o número crescente de sites que inundam as redes sociais com videoclipes.

"É alarmante", disse Paul Verna, analista da eMarketer. "Os editores estão apostando tudo em algo que não está comprovado."

Mic, um site de notícias com sede em Nova York, fundado em 2011, foi apenas o mais recente a despedir redatores quando anunciou sua pivotagem para o vídeo neste mês. Dezenas de redatores e editores também foram demitidos no terceiro trimestre em outras produtoras de notícias, como Vocativ, Fox Sports, Vice e MTV News. Todas essas iniciativas estavam ligadas em parte ao foco em mais recursos para a criação de vídeos.

Os editores estão indo nesta direção embora as pesquisas mostrem que os consumidores acham os anúncios em vídeo mais irritantes do que os comerciais de TV. O Google e a Apple estão testando recursos que permitam silenciar sites com vídeos de reprodução automática ou bloqueá-los completamente. Mais jovens americanos preferem ler as notícias a assistir a elas, de acordo com uma pesquisa realizada no ano passado pelo Pew Research Center.

Mas muitos editores não têm muita opção. Facebook e Google estão absorvendo a maior parte dos dólares de propagandas digitais, obrigando os sites de notícias a encontrarem outras formas de ganhar dinheiro. Alguns veículos de comunicação estão se concentrando em assinaturas. Outros estão entrando no comércio eletrônico.

Essas opções, no entanto, demoram a dar frutos. O vídeo fornece uma injeção rápida de receita porque os anunciantes estão clamando por ele.

"Nenhum site está 'pivotando para o vídeo' por causa da demanda do público", disse Josh Marshall, editor da Memming Points, em um tuíte no início deste mês. "Eles estão adotando o vídeo porque o setor está passando por uma crise de monetização."

Para entrar em contato com o repórter: Gerry Smith em N York, gsmith233@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

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