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Amazon suspende executivo do estúdio por denúncia de assédio

Lucas Shaw e Spencer Soper

13/10/2017 11h55

(Bloomberg) -- A Amazon.com colocou Roy Price, chefe de sua unidade de cinema e TV, em licença porque uma produtora disse ao Hollywood Reporter que ele a assediou sexualmente, dias depois que uma série de acusações semelhantes provocou a saída de Harvey Weinstein da diretoria da empresa de produção que ele ajudou a fundar.

Isa Hackett, que trabalhou no programa "The Man in the High Castle", da Amazon Prime Video, contou à publicação que Price teve comportamentos inadequados com ela em um evento há dois anos. Não foi possível entrar em contato com Price.

"Roy Price está de licença com ausência efetiva imediata", afirmou a Amazon em um comunicado. Albert Cheng, diretor de operações da Amazon Studios, foi nomeado chefe interino da divisão, informou a empresa em outro e-mail.

A acusação contra Price mergulhou a Amazon na comoção pelo maltrato de mulheres em Hollywood, embora apenas os detalhes da queixa de Hackett sejam uma novidade. The Information reportou em agosto que Price tinha sido investigado por uma queixa sobre comentários indesejados de cunho sexual feitos a Hackett. A empresa afirmou anteriormente que havia examinado e resolvido o assunto.

O dano à Amazon dependerá muito do surgimento de mais acusações contra Price e de como a Amazon tenha lidado com eles, disse Glenn Selig, estrategista de gestão de crises da Publicity Agency, com sede em Tampa, Flórida. "Está muito mais difícil para a marca lidar com isso, devido ao discurso mais amplo em torno do escândalo de Harvey Weinstein."

A empresa de comércio eletrônico com sede em Seattle tem dois projetos de TV em desenvolvimento com a Weinstein Co. e informou nesta semana que está revendo-os.

A atriz Rose McGowan disse no Twitter na quinta-feira que havia avisado a Amazon para não fazer negócios com Harvey Weinstein, o produtor agora desonrado, e que foi ignorada.

Weinstein, a quem McGowan e outras mulheres acusaram de assédio e, em alguns casos, de estupro, negou ter atacado sexualmente alguém. Ele foi demitido da Weinstein Co. no fim de semana passado.

A polícia de Londres e de Nova York afirmou na quinta-feira que estava investigando queixas envolvendo o produtor de filmes desonrado, informou o New York Times.

Coragem

As alegações associadas à Amazon mostram como o escândalo de Weinstein, que entrou em erupção na semana passada por uma reportagem do New York Times, está reverberando em Hollywood e encorajando mais mulheres a falar sobre suas experiências. Hackett disse ao Hollywood Reporter que criou coragem para falar depois de ver tantas mulheres acusarem publicamente Weinstein.

As acusações agravam os problemas da Amazon Studios que, embora tenha recebido elogios da crítica por algumas produções, tem tido dificuldade para fazer programas de TV que conquistem o público tanto quanto "House of Cards" e "Stranger Things", da Netflix.

--Com a colaboração de Anousha Sakoui