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Turismo de jovens muçulmanos dispara demanda por viagens

Sterling Wong

27/10/2017 11h50

(Bloomberg) -- Os países precisarão ter um setor de turismo voltado aos muçulmanos se quiserem uma fatia de um dos mercados de turistas de crescimento mais rápido do mundo.

Os muçulmanos da geração Y -- com idades entre 18 e 36 anos -- deverão gastar mais de US$ 100 bilhões anuais em viagens até 2025, quase o dobro do ano passado, de acordo com um relatório da Mastercard e do site de viagens muçulmano HalalTrip. A previsão é de que todos os grupos etários pertencentes a essa religião gastarão cerca do triplo desse valor.

"Esse é, na verdade, um segmento negligenciado que o setor de viagens em geral deveria analisar e se preparar para atender", disse Douglas Quinby, analista de viagens em Atlanta, EUA, da empresa de pesquisa Phocuswright. "Existem alguns países, cuja população é predominantemente muçulmana, que estão crescendo muito rapidamente. Neles, a população está se tornando cada vez mais classe média e a demanda de viagens, tanto para turismo de lazer como para peregrinação, está crescendo significativamente."

Por enquanto, os principais destinos dos jovens muçulmanos são a Malásia e a Indonésia, países onde os seguidores dessa religião constituem a maioria da população. Mas os outros lugares de férias mais buscados são o Japão, a Tailândia e a Austrália, países não muçulmanos onde o turismo é um motor chave do crescimento econômico. Alguns países estão começando a reconhecer essas oportunidades.

Em Okayama, no Japão, o setor local de turismo começou a certificar restaurantes, hotéis e outras instalações preparadas para receber muçulmanos com um logotipo especial. Empresas em todo o país estão começando a recorrer às mesquitas para aprender sobre o islamismo e sobre como atender melhor os turistas muçulmanos, de acordo com a Halal Media Japan, um portal de informações on-line para visitantes muçulmanos.

A Coreia do Sul organizou um festival de restaurantes com temática halal, uma iniciativa para aumentar as receitas do turismo após um declínio no número de visitantes chineses devido a tensões sobre implantação de mísseis. Mas na Austrália os desafios continuam. Uma pesquisa com mais de 2.000 pessoas nesta semana descobriu que quase metade era a favor de proibir parcialmente a entrada de imigrantes muçulmanos.

A projeção é de que o número de viajantes internacionais muçulmanos aumentará para 156 milhões até 2020. Isso se deve, em parte, ao crescimento da população de religião muçulmana, que será a religião de quase 3 bilhões de pessoas em todo o mundo até 2060, um salto de 70 por cento em relação a 2015, de acordo com o relatório. Em 2030, segundo estimativas, quase um terço da população mundial de 15 a 29 anos de idade será composto de muçulmanos.

"O mercado de viajantes muçulmanos está crescendo rapidamente como um segmento altamente lucrativo no turismo contemporâneo e entrará em um período culminante em termos de renda, gastos e viagens nos próximos cinco a 10 anos", disse Fazal Bahardeen, CEO da HalalTrip.