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Mineradora não descarta cobre a US$ 10.000 devido a escassez

Jack Farchy, Mark Burton e Javier Blas

31/10/2017 15h34

(Bloomberg) -- O cobre pode atingir altas recordes superiores a US$ 10.000 por tonelada quando o equilíbrio entre oferta e demanda passar para um déficit "substancial" a partir de 2018, segundo a Codelco, maior produtora do metal, que apresentou a perspectiva mais otimista em anos.

A projeção marca uma mudança de direção na empresa estatal chilena responsável por pouco menos de 10 por cento da produção mundial de cobre. A produtora apresentava menos otimismo há alguns meses.

"Nossas projeções mostram um aumento sustentado dos déficits e não temos nenhum motivo -- de nosso conhecimento -- para eliminá-los no futuro", disse o presidente do conselho da Codelco, Oscar Landerretche, em entrevista em Londres. "Provavelmente haverá pressão para aumentar o preço."

No início do mês, impulsionados pelo forte crescimento econômico global e pela oferta fraca, os preços do cobre ficaram acima de US$ 7.000 por tonelada pela primeira vez desde 2014. Os preços subirão ainda mais e "é possível" que atinjam em breve o recorde de 2011, de US$ 10.190 por tonelada, disse Landerretche.

O cobre desempenha um papel fundamental na economia industrial global por ser usado em todo tipo de produto, desde cabos elétricos até aparelhos de ar-condicionado. O metal também está se tornando cada vez mais importante para veículos elétricos. Além disso, é um dos principais motores econômicos de países ricos em cobre como Chile e República Democrática do Congo.

"É inevitável que o mercado tenha demanda excessiva em um futuro próximo", disse Landerretche. "Todos os fatores estão presentes para que haja mais demanda, e não vemos mais oferta. Em algum momento alguém pensará em algo, mas isso pode demorar."

Os comentários ressaltam um crescente sentimento de otimismo que coincide com a reunião de mineradoras, traders e investidores em Londres para a LME Week, uma combinação anual de conferências, reuniões com clientes e coquetéis que ajuda a dar o tom do mercado.

Ainda assim, alguns executivos alertaram que os preços do cobre podem enfrentar alguns obstáculos em 2018 quando a gigante das commodities Glencore reabrir minas na África. Além disso, o aumento da demanda pode perder força se o crescimento econômico da China esfriar após o Congresso do Partido Comunista.

A Codelco planeja manter o conservadorismo nas projeções de preços usadas nos orçamentos internos e está focada em manter os custos baixos após os gastos excessivos do setor durante a última onda de expansão, disse Landerretche.

Aumento da confiança

O executivo chileno disse que sua visão sobre o mercado havia mudado significativamente nos últimos meses, descrevendo-se anteriormente como "pessimista" em relação ao preço do cobre.

A mudança resulta da confiança crescente de que Pequim conseguirá manter o crescimento da China nos trilhos com o desenvolvimento da economia, disse ele. Os céticos têm alertado que a dívida crescente do país pode desencadear uma crise econômica.

"Eu estava entre os que viam como inevitável um momento Argentina na China, mas aparentemente conseguirão evitá-lo", disse Landerretche, em referência à crise da dívida do país sul-americano. "Essa é uma boa notícia para nós."