Startup de Nova York aplica big data a investimento em arte
(Bloomberg) -- Hedge funds e alguns dos maiores bancos do mundo adotaram as propriedades preditivas da aprendizagem de máquina para detectar padrões e orientar suas decisões de investimento. Será que esse ramo da inteligência artificial poderia ser usado para prever os caprichos do mercado de arte? Uma startup de Nova York acredita que sim.
A Arthena analisa centenas de milhares de pontos de dados em obras de arte ? artista, estilo, suporte, tamanho e outros. Adicionando um toque de percepção humana, a empresa escolhe obras que, segundo ela, vão gerar bons resultados para os investidores. Atualmente, a Arthena gerencia vários fundos, que vão desde os de baixo risco que investem em arte moderna a fundos de alto risco que compram obras de artistas emergentes. A startup, financiada por Foundation Capital, Beamonte Investments e Y Combinator, recentemente associou-se à corretora Charles Schwab, que oferece uma série de ofertas alternativas de investimento.
Avaliar a arte é algo inerentemente subjetivo, e muitos especialistas duvidam que obras possam ser compradas e vendidas de forma rentável simplesmente pelos números. Mas a cofundadora e CEO da Arthena, Madelaine d'Angelo, afirma que a inteligência artificial poderia lançar luz sobre um mercado onde as transações normalmente são feitas em particular, reduzir os obstáculos à entrada e ajudar a democratizar o investimento em arte.
"A maioria das pessoas no mundo da arte não gosta do que estamos fazendo", diz D'Angelo, observando que ela foi acusada de roubar a alma do investimento em arte. "Não estamos defendendo que a arte não deveria existir por conta própria nem que as pessoas deveriam parar de montar coleções. No entanto, queremos torná-la mais amplamente disponível como uma classe de ativos e uma oportunidade de investimento."
O discurso da Arthena coincide com um aumento de interesse no investimento em arte. Muitos investidores procuram diversificar seus portfólios devido aos baixos rendimentos dos títulos e ao que alguns consideram um mercado de ações sem substância. As vendas nas grandes casas de leilão subiram 18 por cento no primeiro semestre de 2017, de acordo com o último relatório sobre arte e finanças da Deloitte, e obras famosas estão obtendo preços recorde. O quadro de Jean-Michel Basquiat de um crânio foi vendido no início deste ano por US$ 110,5 milhões, 5.800 vezes o valor pelo que foi comprado 33 anos antes, de acordo com a Artprice, um recorde para um artista americano.
Mas esse âmbito tem sido tradicionalmente dominado pelos extremamente ricos ? como o misterioso comprador que acabou de gastar o recorde de US$ 450,3 milhões no "Salvator Mundi" de Leonardo da Vinci (contra apenas US$ 127,5 milhões há quatro anos). Os fundos de arte são outra maneira de entrar no mercado, mas geralmente são vendidos a indivíduos ou family offices com grandes patrimônios e gerenciados por especialistas profissionais com conexões no mundo da arte. A Arthena quer fazer com que o investimento em arte se torne acessível para mais pessoas e pretende atrair a próxima geração de entusiastas da arte, incluindo jovens obcecados por dados.
D'Angelo, 30, que fez mestrado em estudos de museus em Harvard e trabalhou no Smithsonian, fundou a Arthena em 2013 com seu irmão Michael, 27, que estudou engenharia computacional e matemática em Stanford; ele é o diretor de tecnologia. A empresa também tem um escritório em São Francisco e abrirá outro em Luxemburgo, o centro do mundo do investimento em arte.
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