Shopping de Miami exclusivo para ricos está se saindo muito bem
(Bloomberg) -- No extremo norte da famosa ilha barreira de Miami Beach, sobre o que antigamente era um emaranhado de pântanos cheios de manguezais, fica um santuário de três andares e mais de 43.290 metros quadrados para pessoas extremamente ricas. Duas modelos com roupas de linho bege passeiam silenciosamente entre os observadores, como se estivessem em uma passarela ambulante. Do lado de fora, clientes desembolsam US$ 30 pelo estacionamento com manobrista, que lhes dá o direito de exibir seus supercarros perto da entrada principal. O dia está ensolarado e arejado nesta tarde de segunda-feira, mas, quando chove, funcionários do shopping correm com guarda-chuvas para acompanhar os clientes.
O Bal Harbour Shops parece um resort elegante em comparação com os cerca de 1.100 centros comerciais que pontilham os subúrbios dos EUA. Em vez do brilho das luzes fluorescentes e das plantas artificiais, o principal corredor aqui está coberto de vegetação tropical e tanques de água com tartarugas e carpas. É diferente dos shoppings comuns também em outros aspectos: este não está constantemente oferecendo descontos no aluguel para que as lojas permaneçam. Na verdade, há uma lista de espera. E, enquanto alguns centros comerciais buscam desesperadamente uma tábua de salvação financeira, este planeja uma expansão de US$ 400 milhões.
Neste dia, Matthew Whitman Lazenby, o desenvolvedor do Bal Harbour Shops, está comendo um sanduíche vegetariano no restaurante do segundo andar do shopping. A vista é cara: Range Rovers e Porsches estacionados entre palmeiras. Lazenby, de 40 anos, acabou de voltar de uma viagem de negócios à América do Sul, onde visitou vários shoppings, inclusive um em São Paulo que é praticamente idêntico a este. Neto do falecido fundador do shopping, Stanley Whitman, Lazenby diz que tem plena consciência dos problemas enfrentados pelo setor ? e de como eles não afetam o Bal Harbour Shops.
"Não existem muitas lojas de luxo onde você entra e diz: 'Ai, que horrível'", diz ele. "Existem algumas, é verdade. Mas não aqui."
Os shoppings nos EUA estão enfrentando o chamado "apocalipse do varejo": a morte iminente de um setor incapaz de lidar com as mudanças nos hábitos de consumo. Varejistas de roupas fecham inúmeras lojas porque as famílias estão preferindo gastar com viagens, restaurantes e outras atividades de lazer. Além disso, o tráfego nas lojas continua diminuindo porque os consumidores estão trocando o shopping suburbano pela praticidade das compras pela internet. Projeta-se que as vendas de comércio eletrônico nos EUA representem 17 por cento de todo o varejo em 2022, contra 12,7 por cento em 2017, e a Amazon.com é o principal motor dessa mudança, de acordo com a Forrester Research.
No entanto, enquanto os shoppings onde a geração X cresceu estão no corredor da morte, versões luxuosas desses dinossauros estão se saindo muito bem. Shoppings como Americana Manhasset, no rico litoral norte de Long Island, em Nova York, o Forum Shops do Caesars, em Las Vegas, e o Grove, em Los Angeles, costumam estar cheios, com uma mistura saudável de moradores locais ricos e turistas esbanjadores. No entanto, mesmo entre esses shoppings elegantes, o Bal Harbour Shops se destaca. Ele regularmente fica no topo da lista anual dos centros comerciais mais produtivos dos EUA, de acordo com a empresa de pesquisa imobiliária Green Street Advisors. O Bal Harbour Shops preferiu não divulgar os números de sua receita, admitindo apenas que é rentável.
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