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Startup de Israel vende dados automotivos e compete com Google

Kevin Buckland e Pavel Alpeyev

20/02/2018 12h08

(Bloomberg) -- O caminho para os lucros está pavimentado por bons dados.

A cada hora, um carro moderno processa cerca de 25 gigabytes de informações -- o equivalente a sete filmes completos em alta definição -- de todos os tipos, desde a temperatura do motor e a pressão dos pneus até o que está tocando no rádio. Para as fabricantes de veículos, a pergunta é como transformar isso em receita. Uma startup israelense afirma ter a resposta.

A Otonomo, que anunciou US$ 3 milhões em financiamento da NTT Docomo Ventures na terça-feira, passou os últimos três anos tentando descobrir como coletar, embalar e vender esses dados a seguradoras, empresas de varejo, planejadores urbanos e outros atores dispostos a pagar por isso. Em troca, ela leva uma porcentagem das vendas -- de forma semelhante ao modelo de operação usado pela Apple e pelo Google em suas lojas de aplicativos. Mais de 2 milhões de carros já participam da plataforma da Otonomo, um número que, segundo a empresa, chegará a 5 milhões até o fim do ano.

"Há uma regra simples nos mercados como um todo -- um leva 80 por cento e o restante fica com 20", disse Ben Volkow, CEO e cofundador da Otonomo. "A maneira de se transformar nesse um é levar o máximo de carros à plataforma o mais rapidamente possível e se tornar dominante."

A Daimler anunciou no ano passado que está testando a plataforma baseada em nuvem da startup e a Otonomo informou que planeja revelar um acordo comercial piloto com uma fabricante japonesa de automóveis dentro de três meses. A empresa com sede em Herzliya, em Israel, afirmou que 10 fabricantes de veículos e 11 empresas relacionadas a automóveis estão fornecendo dados em programas piloto. Incluindo o investimento da NTT Docomo Ventures, a Otonomo levantou cerca de US$ 41 milhões em financiamento. Entre os apoiadores anteriores estavam Bessemer Ventures e Dell Technologies Capital.

O mercado de serviços de conectividade automotiva valerá US$ 750 bilhões em 2030, segundo a McKinsey & Co. Apesar de terem investido bilhões no desenvolvimento de carros conectados, as fabricantes de veículos temem que o Google e outras empresas de softwares controlem o fluxo de lucros. Akio Toyoda, presidente da Toyota Motor, disse que os dados dos carros conectados poderiam ser a maior fonte potencial de novas receitas da fabricante de veículos e está construindo seu próprio sistema de telemática.

"Este é realmente um ângulo necessário e lucrativo", disse Kevin Tynan, analista automotivo da Bloomberg Intelligence. "A força dessa abordagem é que a Otonomo não monetiza os dados, simplesmente coleta, agrega e processa. E haverá cada vez mais dados à medida que o setor tentar chegar a modelos de negócio rentáveis para a direção autônoma e a carona compartilhada."

A Otonomo desenvolveu uma tecnologia para facilitar a distribuição e o uso de dados de carros conectados, assegurando, anonimizando, padronizando e agregando informações dentro de um labirinto de regulações regionais. As seguradoras estavam entre as primeiras consumidoras de dados no mercado da Otonomo. Elas já oferecem prêmios mais baixos para os motoristas dispostos a instalar hardwares que leem dados ou a baixar aplicativos de rastreamento de dados. Esses serviços permitem que elas ofereçam incentivos aos motoristas que não correm demais ou que economizam em tarifas de reboque detectando problemas mecânicos com antecedência.