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Uber retoma iniciativa para crescer no Japão com parcerias

Yuji Nakamura

20/02/2018 09h43

(Bloomberg) -- A Uber Technologies quer estabelecer parcerias com empresas de táxi no Japão, porque sua abordagem independente no país não está dando certo, disse o CEO Dara Khosrowshahi em Tóquio nesta terça-feira.

O mercado japonês de táxi pode se tornar mais eficiente, embora já ofereça serviços de alta qualidade, disse ele em um evento com John Roos, ex-embaixador dos EUA no Japão. Khosrowshahi não anunciou nenhum acordo específico, mas deixou claro que a Uber empreenderia uma nova iniciativa para se expandir no Japão.

Este é o sinal mais claro até o momento de que a gigante do transporte particular vai redobrar esforços para conquistar uma fatia do mercado japonês de táxi, de US$ 16 bilhões. Em meio a grandes perdas operacionais nos EUA e a um recuo em mercados exteriores - a Uber cedeu a China e a Rússia e está analisando a venda de seus negócios no Sudeste Asiático -, o Japão tem o potencial de oferecer uma perspectiva positiva e rara para a empresa, que deve chegar à bolsa no próximo ano.

"Para mim, está claro que precisamos entrar com uma parceria em mente e, em particular, uma parceria com o setor de táxi daqui, que realmente tem um produto muito, muito forte", disse Khosrowshahi, em sua primeira viagem para a Ásia como CEO da Uber. "Mas esse produto não acompanhou o ritmo da mudança tecnológica."

Embora a Uber tenha entrado em conflito no mundo inteiro com empresas de táxi concorrentes e com órgãos reguladores, a companhia se ateve às regras no arquipélago, relegando sua atividade comercial às contratações de automóveis e a um programa de transporte para idosos em uma pequena cidade rural. O principal sucesso da empresa no Japão foi o serviço de entrega de comida UberEATS, que, segundo Khosrowshahi, fez com que ele percebesse o potencial do país.

"Eu vi o Japão como uma oportunidade incrível e, quando perguntei à equipe porque nosso negócio no Japão não era maior, comecei a conhecer a história de nossa abordagem no Japão. Francamente, era uma abordagem que não funcionava", disse Khosrowshahi. Ele estava falando com Roos, sócio que ajudou a fundar a Geodesic Capital, que investe na Uber.

No entanto, a Uber enfrenta uma batalha difícil no Japão. Concorrentes locais, como a Nihon Kotsu, a maior empresa de táxis de Tóquio, já lançaram aplicativos populares para pedir táxi. A rival chinesa da Uber, Didi Chuxing, começou a negociar no ano passado uma parceria com a operadora de táxis Daiichi Koutsu Sangyo, e as negociações foram facilitadas pela SoftBank Group, acionista da Uber, segundo disse à Bloomberg em outubro uma pessoa familiarizada com o assunto. Também há rumores de que a Uber esteja negociando um empreendimento com a Daiichi Koutsu.

Além disso, nesta terça-feira, apenas uma hora antes de Khosrowshahi falar, a Sony revelou uma aliança com seis operadoras de táxi no Japão, que possuem uma frota combinada de mais de 10.000 táxis na região metropolitana de Tóquio. A Sony pretende desenvolver um aplicativo para pedir veículos baseado em inteligência artificial e também fornecer serviços de pagamento.