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Uber busca encanador em Londres para conter vazamentos: Gadfly

Alex Webb

21/02/2018 15h44

(Bloomberg) -- A Uber Technologies jogou US$ 4,5 bilhões pelo ralo no ano passado com investimentos pesados em expansão e tentando corrigir os erros do fundador Travis Kalanick. Curiosamente, uma empresa de encanamentos britânica pode dar uma ideia sobre a possibilidade de a Uber evitar alguns futuros vazamentos indesejados.

A Pimlico Plumbers, cujas vans são onipresentes na região oeste de Londres, é colega de viagem da Uber na batalha em curso relacionada ao tratamento que os empregadores devem dar aos trabalhadores da chamada "economia gig".

A empresa britânica afirma ter uma força de trabalho formada por 270 pessoas, mas se recusa a descrevê-las como funcionários. Muitos de seus encanadores são classificados como "contratados independentes", definição semelhante à usada pela Uber para seus motoristas. A Pimlico Plumbers e a Uber dizem que não são obrigadas a pagar benefícios como licença parental, salário mínimo e férias remuneradas.

Essa alegação está sendo testada com rigor nos tribunais britânicos e em outras partes. Nesta semana, é a vez de a empresa de encanamentos tentar convencer um juiz de que sua relação independente com os trabalhadores é correta. Sua vitória seria positiva para a Uber. E mesmo uma derrota não seria o fim do mundo.

Em abril de 2012, um tribunal britânico do trabalho decidiu que a Pimlico realmente empregava seus encanadores. O processo chegou na terça-feira à Suprema Corte do Reino Unido, onde está sendo apelado. O interesse comum com a Uber é tal que a empresa de transporte pediu para ser incluída na audiência da Suprema Corte, mas foi informada de que teria que abrir seu próprio caminho pelo matagal da justiça.

O nervosismo é compreensível. Os motoristas já representam 80 por cento dos custos da Uber. No período de três meses até dezembro a empresa de transporte faturou US$ 11 bilhões com as corridas. Após entregar a parte que corresponde aos motoristas, a Uber registrou receita líquida de US$ 2,2 bilhões. Mas como ainda subsidia corridas nos mercados em que busca crescimento, a empresa registrou prejuízo líquido de US$ 1,1 bilhão no quarto trimestre.

Se ao redor do mundo os tribunais decidirem que os motoristas da Uber são de fato funcionários, esses custos sem dúvida subirão novamente. O advogado tributário Jolyon Maugham estimou em 2016 que a Uber teria um custo de 13 milhões de libras por mês para financiar o seguro nacional de 40.000 motoristas britânicos. Atualmente, esse é o número de motoristas da empresa somente em Londres.

Se o tribunal anular o primeiro julgamento da Pimlico Plumbers (decisão que não deve sair nos próximos meses), seria mais fácil para a Uber se defender das reivindicações de direitos dos trabalhadores no Reino Unido. Se a decisão for mantida, a Uber também não precisa se desesperar. O motivo é que os contratos da Pimlico estipulavam que seus encanadores "deveriam trabalhar um mínimo de 40 horas" por semana. A Uber não impõe horas de trabalho.

A Uber está envolvida em duas batalhas judiciais no Reino Unido. Na primeira, a autoridade de transporte da cidade tenta impor novas regras às empresas de reserva de táxis privados, como a limitação do horário de trabalho dos motoristas. Na segunda, um tribunal do trabalho decidiu que os motoristas mereciam mais direitos. A Uber quer levar esse caso à Suprema Corte.

Mas o novo CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, precisa avançar com cuidado aqui. Ele realiza uma turnê global para corrigir alguns erros cometidos sob o comando de seu antecessor, Kalanick. Os londrinos podem adorar os Ubers, mas há uma crescente preocupação em relação ao tratamento justo para os trabalhadores. Dado o custo monumental da Uber com mão de obra, e sua avaliação estimada de US$ 54 bilhões, é possível entender por que as campanhas legais da empresa continuam. Mas o esforço de Relações Públicas também é importante.

(Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.)