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Igualdade de gênero deve ser foco em busca por retorno estável

Frances Schwartzkopff

27/02/2018 09h25

(Bloomberg) -- Quando o assunto é diversidade de gênero fica difícil competir com os nórdicos.

A região abriga os três países com maior igualdade de gênero: Islândia, Noruega e Finlândia, de acordo com o Fórum Econômico Mundial (a Suécia fica em 5º lugar na lista de 144 países; os EUA no 49º). Por isso, as conclusões dos países nórdicos sobre como a igualdade de gênero afeta áreas tais como a vida corporativa e o investimento podem oferecer uma ideia do que está por vir em outros lugares do planeta.

Com isso em mente, o maior banco da região, Nordea, afirma que uma contribuição fundamental das mulheres para as empresas que elas administram é um rendimento estável.

Pesquisadores do Nordea examinaram as 100 maiores empresas de capital aberto da região nórdica e analisaram os retornos sobre o capital empregado e o desempenho do preço das ações durante um período de 12 anos até 2016, com base no gênero. Eles descobriram que dobrar o número de mulheres nos conselhos e no alto escalão administrativo levou a rendimentos mais estáveis.

Na verdade, o estudo não indicou nenhum benefício global significativo para os retornos associados a ter mais mulheres na diretoria. Mas a capacidade das mulheres de atravessar períodos voláteis melhor do que os homens se destacou.

As conclusões coincidem com um aumento súbito da volatilidade no início de fevereiro que irritou muitos investidores. O estudo também chega em um momento em que as corporações estão tendo dificuldades para se adaptar a mudanças aceleradas em seus mercados provocadas pela tecnologia, que representa um outro tipo de volatilidade.

"Os modelos de negócios estão sendo desafiados por novos comportamentos do consumidor, por novas soluções tecnológicas", disse Johan Trocmé, diretor de pesquisa do Nordea. "Ter uma empresa robusta diante dessa mudança é crucial."

Durante os 12 anos incluídos no estudo do Nordea, o número de mulheres em conselhos nórdicos dobrou (para uma em cada três membros), assim como o número de mulheres no gerenciamento de grupo (para uma em cada cinco). A introdução das quotas obrigatórias na Noruega ajudou a impulsionar o aumento.

Os retornos foram mais estáveis em empresas que empregavam mulheres em cargos do alto escalão administrativo. Os analistas do Nordea descobriram que essas companhias tiveram um desvio padrão médio 40 por cento menor nos retornos anuais. Eles também concluíram que as empresas nórdicas com mais mulheres tiveram um desempenho superior ao de pares europeus.

"A Noruega abriu o caminho para que outros vejam que isso é realmente factível sem que o mundo desmorone", disse Trocmé. "Se você tem um conselho de diretores composto exclusivamente por homens brancos com idades entre 45 e 65 anos, com o mesmo tipo de educação e etnicidade, será que eles irão absorver, ponderar e considerar todos os aspectos da sociedade, da economia, da base de clientes e do órgão regulador ao tomar decisões?"