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Senador aposta em passado limpo para galgar corrida presidencial

Samy Adghirni, Simone Iglesias e Bruce Douglas

12/04/2018 07h00

(Bloomberg) -- No papel, o senador Alvaro Dias ostenta muito do que os brasileiros dizem querer de um candidato à Presidência na eleição de outubro - um líder experiente e de princípios, com histórico exemplar e empenhado em limpar a política corrupta do país.

O ex-governador do Paraná, que tem 73 anos e ingressou na política na década de 1960, diz fazer questão de dispensar as vantagens e pensões acumuladas ao longo de décadas na vida pública, abrindo mão de benefícios que ele diz equivalerem a cerca de R$ 1 milhão por ano.

Mas há um grau de inconsistência nos seus próprios planos para governar o país. Ele expôs seu projeto para uma ampla privatização, mas ao mesmo tempo diz que manteria sob controle estatal quatro das maiores empresas do Brasil por razões de segurança nacional. Ele afirma que, como presidente, eliminaria o déficit fiscal em quatro anos, apesar de se recusar a nomear seus assessores econômicos. E ele apresentou uma visão ambiciosa de uma profunda reforma dos três poderes da República, ao mesmo tempo em que insistia em implementá-la independentemente da composição do Congresso.

"Eu quero romper com todos os grandes partidos", diz Dias. "Minha proposta é romper com tudo o que está lá, esse monstro que foi construído neste país que se tornou uma fábrica de corrupção."

Em um cenário repleto de candidatos, Dias atualmente ocupa o quinto lugar nas pesquisas, com 4 por cento das intenções de voto, ou quarto, se o favorito, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, for descartado. Seu partido, Podemos, não existia há quatro anos e hoje tem 18 deputados federais.

O senador prefere descrever o Podemos como um movimento político, ao invés de um partido, já que ele considera os partidos políticos brasileiros como meras siglas. E o fato de que ele trocou de partido meia dúzia de vezes ao longo de sua carreira é prova de sua consistência, afirma. "Mudei de siglas varias vezes para não mudar de lado, para preservar minha coerência. Mudei muito de sigla para não barganhar minhas convicções."

Planos de Privatização

Dias quer vender as 149 empresas, com exceção da Petrobras, da Eletrobras e dos bancos Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Ele também quer que os programas sociais, como o Bolsa Família, sejam mais bem administrados.

"Estamos propondo um encolhimento radical", disse ele. "O estado tem que ser inteligente, tem que ser moderno." Mas ele reconheceu que o grande desafio nesta eleição, que ele chamou de a mais significativa desde o retorno à democracia, será abordar a descrença dos eleitores com os políticos depois de anos de escândalos de corrupção.

Ainda assim, ele acredita que é improvável que o eleitorado seja enganado pela ideia de um "salvador da pátria" de fora da política convencional do país, que poderia resolver todos os seus problemas. "Os brasileiros não estão buscando outsiders", disse ele. "Os brasileiros estão buscando experiência administrativa e um passado limpo".