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Custo de manutenção da Gol é bom demais para ser verdade, diz Citigroup

Eduardo Thomson

19/04/2018 11h50

(Bloomberg) -- A contabilidade da Gol Linhas Aéreas Inteligentes parece estar um pouco fora de sintonia para o Citigroup.

O banco rebaixou a recomendação para as ações da companhia aérea de "neutra" para "venda", dizendo que as práticas de "contabilidade diferenciada" da empresa significam que seus números operacionais podem ser exagerados em comparação com os de seus pares regionais.

"Há ajustes nos padrões contábeis da Gol que são difíceis de explicar", os analistas Stephen Trent e Cristina Acle escreveram em nota para os clientes.

As ações caíram até 3,7% em São Paulo, depois de subir 56%o até a quarta-feira (18).

A Gol reporta alguns dos menores custos de manutenção entre os pares, deixando os analistas do Citi intrigados. Eles admitem que isso pode ter a ver com o fato de que a companhia voa um único modelo de aeronave, o Boeing 737NG, mas o custo ainda é mais do que um desvio padrão abaixo da média de US$ 333 mil por avião para Azul, Copa e Latam nos últimos oito trimestres.

A Ryanair, que também opera apenas o 737NG, tem um custo de manutenção de US$ 361 mil por avião, contra os US$ 252 mil da Gol.

Os aviões da Gol também são mais antigos. A idade média da frota da Gol é de 9,2 anos contra 5,6 anos da Azul, 7 anos da Latam e 7,2 anos da Copa, disse o Citi.

O Citi também tem dúvidas sobre números operacionais. Apesar das grandes melhorias nas margens ajustadas desde 2015, o fluxo de caixa das operações foi de apenas R$ 441 milhões, com R$ 4,6 bilhões em Ebitda. Em comparação, a Copa gerou US$ 1,3 bilhão em fluxo de caixa operacional no período, 2% acima do seu Ebitda.

"A baixa conversão do Ebitda pela Gol em fluxos de caixa operacional pode significar que a lucratividade operacional é provavelmente superestimada em relação a seus pares", disse o Citi.

Em nota a Gol informou que “a companhia elabora suas demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil e com as normas internacionais de relatório financeiro (IFRS), sendo submetidas à auditoria externa independente e órgãos reguladores de mercado".

"As grandes manutenções dos principais componentes das aeronaves, inclusive motores, têm seus gastos capitalizados de acordo com o IAS 16 (CPC 27). Os outros gastos com manutenção incorridos são reconhecidos diretamente no resultado, na rubrica de Material de Manutenção e Reparo. As informações referentes às práticas contábeis seguidas pela companhia, os valores de depreciação relativos a gastos capitalizados e o total de outros gastos de manutenção e reparo, constam nas demonstrações financeiras da companhia, relativas ao exercício de 2017, divulgadas ao mercado em 07 de março de 2018", afirma a empresa.