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Bancos melhoram termos de empréstimo para energia solar nos EUA

Brian Eckhouse

20/04/2018 13h57

(Bloomberg) -- As taxas de juros estão subindo, tornando a dívida muito mais cara para setores de capital intensivo nos EUA. Mas existe pelo menos uma exceção: o setor de energia solar.

Embora o custo do crédito venha aumentando desde 2016, alguns bancos estão ficando com uma fatia menor para fechar acordos com desenvolvedores de energia solar. Empréstimos com vencimento em sete anos ou mais podem ser obtidos por 137,5 pontos-base acima da taxa de referência de empréstimos interbancários de Londres (Libor, na sigla em inglês), contra mais de 200 pontos-base no ano passado, disse Keith Martin, advogado de financiamento de projetos da Norton Rose Fulbright. Até os empréstimos com taxas mais altas para projetos residenciais estão ficando mais baratos.

"A confiança do investidor aumentou, fazendo com que os custos da dívida caíssem apesar do aumento das taxas de juros", disse Ed Fenster, presidente executivo da Sunrun, a maior empresa de energia solar residencial dos EUA. "Nossos spreads estão caindo mais rápido do que o aumento da taxa básica."

Mais de US$ 200 bilhões foram investidos nos EUA em parques solares de grande escala e em sistemas residenciais nos últimos dez anos. Muitos projetos foram financiados quando as taxas de juros estavam perto de zero, nos anos seguintes à crise financeira. Após uma queda nos últimos dois anos, o número de instalações deverá aumentar em 2019 e 2020, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance.

Em alta

Na verdade, o custo do crédito está aumentando à medida que a economia dá sinais de força após uma longa recuperação da recessão de 2007-2009. Depois de sete anos de taxas de juros próximas de zero, o Federal Reserve aumentou seis vezes desde 2015, para 1,75 por cento no mês passado. A Libor de três meses estava a 2,36 por cento, em comparação com 1,15 por cento há um ano.

Os investimentos em projetos de energia solar caíram de US$ 31,8 bilhões em 2015 para US$ 25,2 bilhões em 2016 e US$ 19,8 bilhões no ano passado, segundo a Bloomberg New Energy Finance. Parte da queda refletiu a decisão inesperada do governo dos EUA em 2015 de prorrogar um crédito impositivo federal, que desacelerou a corrida para concluir alguns projetos e enfraqueceu o fluxo de transações. A ameaça de impor tarifas às peças importadas também provocou alguns atrasos em 2017.

Com menos projetos de energia e infraestrutura disponíveis, a concorrência entre os credores se intensificou porque as perspectivas do setor de energia solar permanecem em grande parte otimistas. Os painéis solares estão se tornando uma fonte mais comum de eletricidade porque os estados americanos estão buscando limitar as emissões de combustíveis fósseis, como o carvão ou gás natural, ligados à mudança climática. As instalações crescerão de 7,2 gigawatts neste ano para 10,3 gigawatts em 2019 e 12 gigawatts em 2020, estima a Bloomberg New Energy Finance.

"Há mais dinheiro do que nunca buscando esse mercado", disse Mike Pepe, sócio da corretora de valores GrandView Capital Markets em Nova York. "Muitos investem em energia solar mesmo que o rendimento seja baixo porque percebem que não perderão capital."

--Com a colaboração de Jeannine Amodeo