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Melhores hotéis do mundo querem atrair crianças

Sarah Firshein

27/04/2018 12h10

(Bloomberg) -- Durante uma excursão de seis meses pelo Sudeste Asiático, Máximo e Sebastián Tuscano fizeram uma parada de quatro noites no Andaman, um resort Luxury Collection de 178 quartos em uma exuberante baía em Langkawi, na Malásia. Eles ficaram encantados com a fauna da floresta tropical circundante - lêmures voadores, macacos-folhas acinzentados, mais de 300 espécies de borboletas - e nadaram na piscina que parece uma lagoa. Eles caçaram caranguejos-eremitas, ajudaram um biólogo marinho a alimentar espécimes em um viveiro de corais e participaram de jogos e atividades com tema de piratas.

Foi a maneira perfeita para Máximo e Sebastián, irmãos gêmeos, comemorarem seu quarto aniversário.

"Eu queria que as crianças fossem estimuladas e engajadas. Nada de videogames nem televisão, por favor!", lembra Darcy Tuscano, uma das mães dos meninos. E embora eles tenham passado muito tempo em família, "era bom ter tempo sozinhas como casal, sabendo que as crianças estavam seguras e se divertindo muito sem nós".

As viagens em família se tornaram uma indústria de US$ 500 bilhões, com base nos números da Family Travel Association, e os hotéis estão atendendo a seus hóspedes mais jovens de acordo com a cultura local, assim como fazem para os adultos. "Os clubes infantis dos hotéis costumavam ser quartos sem janelas com giz de cera", diz Julie Danziger, diretora de serviços de viagens de luxo da Ovation Vacations, uma agência de viagens com sede em Nova York. Agora, diz ela, eles se tornaram campos de treinamento interativos para a formação de cidadãos globais.

No L'Apogée Courchevel, um sofisticado resort de esqui nos Alpes franceses, o clube Mini VIP 1850 - cujo nome se refere à altitude da cidade, em metros - oferece oficinas de perfumaria e fabricação de chocolate para crianças. Gleneagles, na região de Highland, na Escócia, conta com uma frota de Land Rovers em miniatura só para os pequenos. Em Chewton Glen, em Hampshire, aspirantes a chefs podem aprender a assar pãezinhos de canela no interior da Inglaterra. Ao contrário dos resorts da Walt Disney ou do Club Med, nenhum desses hotéis se destina exclusivamente (nem mesmo principalmente) a atrair famílias. Para os pais de alta renda, isso é o mais interessante.

"Depois do atentado de 11 de setembro, as pessoas não quiseram mais deixar seus filhos em casa, elas preferiram tê-los por perto", diz Melissa Rosenbloum, designer de viagens de luxo da SmartFlyer. O tempo em família se tornou uma prioridade para os viajantes e, consequentemente, também para os hotéis.

Hoje, 88 por cento dos pais dizem que provavelmente viajarão com seus filhos no próximo ano, de acordo com a Pesquisa sobre Viagem Familiar dos EUA de 2017, um esforço conjunto da Family Travel Association e do Centro Tisch de Hospitalidade e Turismo da NYU. Setenta por cento dos 1.599 entrevistados da pesquisa indicaram que comodidades para as crianças eram um fator fundamental para decidir onde se hospedar.

"Não é uma jogada para aumentar a receita", disse Rosenbloum. "Os hotéis estão fazendo isso para competir. Caso contrário, eles não vão conseguir atrair os pais."