Relíquia da era da crise no Fed volta a ser discutida
(Bloomberg) -- A taxa básica de juros dos EUA tem um lado esquisito.
Diferentemente da maioria dos grandes bancos centrais, o Federal Reserve não usa uma simples taxa única como meta, mas um intervalo. Quando as autoridades decidem elevar os juros, como ocorreu em março, o recado vem com muitos números. No mês passado, a taxa subiu de um mínimo de 1,25 por cento e máximo de 1,5 por cento para um mínimo de 1,5 por cento e máximo de 1,75 por cento.
O sistema atual foi criado nas profundezas da crise financeira, uma década atrás. Ao adotá-lo, o Fed evitou cortar a taxa para zero, o que era considerado potencialmente perigoso (inicialmente foi definido um intervalo entre zero e 0,25 por cento). Anos depois, quando começaram a aumentar os custos de captação, fazia sentido manter o intervalo porque havia variáveis novas e desconhecidas e as autoridades não sabiam exatamente como controlar a taxa.
Agora, com o balanço patrimonial do Fed sendo reduzido e os juros de mercado em alta, alguns em Wall Street falam sobre uma volta ao antigo sistema. Não é algo que aconteceria no curto prazo - com certeza não na reunião da semana que vem --, mas o tema vai ficar mais relevante à medida que as condições financeiras vão se normalizando.
"O assunto está entrando na agenda antes do que eu esperava", disse Lou Crandall, economista-chefe da Wrightson ICAP que já trabalhou como pesquisador no escritório regional do Fed em Nova York. Isso ocorre porque as últimas decisões do Fed retiraram dinheiro do sistema financeiro e a taxa básica (Fed Funds Rate) - aplicada em empréstimos interbancários de curto prazo - vem subindo. Se continuar avançando e ameaçar romper o teto do intervalo, faria sentido voltar a adotar uma taxa única, segundo Crandall. "É bobagem apresentar um intervalo de um quarto de ponto que pode não ser atingido."
Nos próximos meses, o debate sobre intervalo ou taxa direta pode ser associado a uma discussão mais substancial sobre o sistema que o Fed deve usar no longo prazo.
A instituição não informou quando tomará a decisão, mas precisará discutir o assunto em tempo hábil. A redução do balanço patrimonial opera no piloto automático e não há um objetivo final claro. Se as reservas diminuírem demais, o sistema que estabelece um piso para a taxa deixará de funcionar.
Nada impede que o mecanismo de piso seja mantido, mesmo com a volta de uma taxa única como meta. Nada parecido foi feito antes, mas Michael Feroli, economista-chefe do JPMorgan Chase para os EUA, não vê problema nisso.
"Dá para trabalhar com um corredor ou piso; não acho que as duas questões precisem estar inerentemente associadas", disse Feroli, que trabalhou como economista no Fed antes da crise. "Fomos para um intervalo quando não sabíamos como o piso funcionaria. Agora, com mais experiência, aprendemos que a taxa interbancária efetiva fica mais estável no regime atual."
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