Turbulência no Brasil já não é obstáculo para presidente da Gol
(Bloomberg) -- Apesar da incerteza do ano eleitoral e de uma moeda ainda instável, o presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff, vê taxas de juros historicamente baixas e inflação moderada - juntamente com uma economia que está avançando e clientes fieis - impulsionando a Gol Linhas Aéreas Inteligentes.
"A empresa é menos impactada agora pela macroeconomia", disse Kakinoff em entrevista na sede da Gol em São Paulo. "Há um impacto por causa da preferência do consumidor - nossa participação de mercado é maior - o que torna nossos resultados mais resilientes".
Além de um ambiente econômico menos hostil, a revisão da lei trabalhista também ajudou a companhia aérea. Ações judiciais de ex-funcionários, antes uma dor de cabeça constante, caíram. Das cerca de 50 pessoas que deixaram a empresa desde a reforma em novembro - um número reconhecidamente pequeno - 10% normalmente processariam a empresa, disse Kakinoff. Em vez disso, apenas 1 pessoa entrou com processo.
A aprovação do acordo de Céus Abertos entre o Brasil e os EUA, que estabelece regras para viagens aéreas entre os dois países, limitando o controle governamental sobre as decisões sobre rotas, tarifas e capacidade, deve ser finalizado este ano e também pode melhorar as perspectivas para o setor.
"Eu acredito que havendo Open Skies, após Open Skies, num horizonte de até dois anos, as empresas aereas que atuam no Brasil terão uma colaboração com empresas americanas sob a forma de joint ventures", disse Kakinoff.
A Delta Air Lines já tem uma participação de cerca de 12% na Gol, sem mencionar uma participação de 49% no Grupo Aeroméxico, com a qual já possui um contrato de joint venture.
Até recentemente, o mercado parecia concordar com o otimismo do presidente da Gol. Depois de atingir a maior alta em sete anos no início de abril, as ações caíram 20 por cento com o enfraquecimento da moeda, uma disputa com o departamento de pesquisa do Citigroup sobre os métodos contábeis e o ressurgimento de notícias de que está cooperando com as autoridades dos EUA em relação a um acordo de leniência assinado com Ministério Público Federal em 2016.
A partir de julho, a Gol receberá entre oito e dez novos 737 Max, a quarta geração da série 737 da Boeing. Os jatos são 15% mais eficientes em termos de combustível do que a frota atual de cerca de 120 737s. A maior parte dos aviões recebidos nos próximos três anos será dedicada a vôos internacionais, disse Kakinoff, e novos investimentos vão se concentrar na expansão para o exterior.
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