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Cinco assuntos quentes para o Brasil na próxima semana

Josue Leonel

15/06/2018 16h02

(Bloomberg) -- Banco Central anuncia sua decisão sobre a Selic na quarta-feira, a primeira após o Copom anterior contrariar a expectativa de corte do juro básico. Economistas esperam juro estável, enquanto contratos de juros futuros precificam alta. BC ainda deve continuar com leilões de swaps no câmbio, enquanto Tesouro atua com títulos. IPCA-15 também pode influenciar juros. Tendência dos mercados, contudo, deve continuar na dependência do quadro externo, diante do cenário de juros ascendentes nos EUA. Presidentes dos principais BCs do mundo, incluindo o Fed, falam dia 20. Notícias sobre guerra comercial também afetam o mercado internacional. Vejam os principais temas:

1º Copom após surpresa de maio

Na reta final pré-Copom, os economistas esperam que o BC mantenha a Selic estável em 6,50%. Precificação do mercado de DI, contudo, aponta ao menos 25 pontos de alta da Selic. Enquanto a alta do dólar influencia as apostas do mercado, as análises dos economistas se fiam nos comunicados do BC, que não sugerem possibilidade de alta, e no cenário da economia. IBC-Br nesta sexta reafirmou uma economia de baixa tração, contrabalançando o IGP-10 de 1,86%, acima da previsão. Espera-se que este repique inflacionário passe assim que o efeito da greve dos caminhoneiros se esgotar.

Inflação acima do piso

Após o IPCA superar as expectativas em maio, no dia 21 será divulgado o IPCA-15 de junho, que deve seguir pressionado. Estimativa mediana é de que o índice acelere de 0,14% para 0,77% m/m e de 2,70% para 3,33% a/a, superando o piso da meta. Parciais do IPC-S, IPC-Fipe e IGP-M também estão previstas para a próxima semana. Diante da contaminação do efeito da greve e também da alta recente do dólar, o mercado só deve começar a se preocupar mais seriamente se a alta dos preços se tornar mais generalizada e se prolongar.

BC segue atuando no câmbio

Dólar opera em baixa nesta sexta-feira reagindo aos leilões extras de swap cambial do Banco Central. Com 3 leilões nesta sexta, o BC completou a promessa de irrigar o mercado de câmbio com US$ 24,5 bi em swaps até o final desta semana. Intervenções devem prosseguir para atender à busca de hedge por investidores preocupados com o cenário global e as eleições locais. BC ofertará mais US$ 10 bi em swaps na próxima semana.

Tesouro e CMN também em campo

Enquanto o BC atua no câmbio, nos juros o CMN antecipou o prazo para que entidades abertas de previdência complementar deixem de cumprir exigência de hedge para títulos prefixados de longo vencimento. Tesouro também tenta esfriar nervosismo no DI e passará a fazer na próxima semana leilões diários de compra e venda contemplando também NTN-Bs. Ao mesmo tempo, manteve a oferta de LFT prevista para 21/junho. Apesar de o dólar e o DI estarem em baixa reagindo às ações do BC, Tesouro e CMN, outros mercados seguem com nível alto de estresse, com CDS acima de 270 pontos e Ibovespa caindo mais de 1%.

BCs em destaque em exterior agitado

As bolsas globais caem após o presidente Trump ameaçar impor tarifas sobre produtos chineses e a China indicar que pode retaliar. Na próxima semana, contudo, as políticas monetárias dos principais BCs do mundo, que seguem com viés de aperto, poderão estar novamente em evidência. No dia 20, presidentes do BCE, Mario Draghi, Fed, Jerome Powell, e BOJ, Haruhiko Kuroda, participam de painel em Portugal. Draghi ainda fala dias 18 e 19 e BOJ divulga ata no dia 19. Agenda de dados será mais fraca nos EUA, trazendo PMI e dados de moradias.