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BP e Chevron promovem gás como resposta ao aquecimento global

Kevin Crowley, Rachel Adams-Heard e Naureen S. Malik

29/06/2018 15h10

(Bloomberg) -- Para reduzir as emissões e fornecer eletricidade a preços acessíveis, o mundo precisa queimar mais combustíveis fósseis, e não menos.

Essa é a mensagem entregue pelas maiores empresas de energia do mundo na Conferência Mundial do Gás, em Washington, nesta semana, em que defendem o gás natural, considerado por elas o combustível do futuro, e não uma simples ponte rumo às energias renováveis.

O mundo enfrenta o duplo desafio de aumentar a oferta de energia -- que, segundo a Royal Dutch Shell, precisa se multiplicar por cinco nos próximos 50 anos -- e reduzir as emissões para cumprir as metas das mudanças climáticas. Para as empresas de energia, o gás cumpre ambas as tarefas: gera metade das emissões de carbono do carvão quando usado na geração de energia e, além disso, é abundante e relativamente barato.

O "grande desafio para nós do setor é ajudar as pessoas a reconhecerem o gás como combustível de destino e não apenas como combustível de transição", disse o CEO da BP, Bob Dudley, em um painel de discussão. "Existe um outro grupo, um grupo surpreendente, que pretende desacreditar o gás como opção."

Trata-se de um argumento que dificilmente convencerá as autoridades e o público, já que muitos afirmam que os combustíveis fósseis, incluindo as instalações de produção de gás, estão provocando mudanças climáticas e devem ser eliminados, especialmente com o grande progresso das tecnologias eólica, solar e de baterias nos últimos anos. Apesar da relativa limpeza, as produtoras de gás deixam vazar metano, que pode ser um gás causador do efeito estufa mais potente do que o dióxido de carbono.

"O gás não será a solução da pobreza em um mundo no qual a mudança climática está levando mais pessoas à pobreza" se as emissões de metano continuarem, disse Rachel Kyte, CEO e representante especial do secretário-geral da ONU para Energia Sustentável para Todos. "Não vamos sair da sala sem tocar no elefante."

Lado fraco

As empresas de energia reconhecem que o metano é o lado fraco do argumento de que o gás reduz as emissões e estão participando de uma série de programas de compartilhamento de tecnologia voltados às metas para abordar a questão.

"Como o gás natural é um combustível fóssil, enfrentamos uma espécie de reação de alguns grupos", disse Patrick Pouyanne, CEO da Total. O combate aos vazamentos de metano "seria positivo para que todo o setor leve o assunto a sério se quisermos que o gás natural encontre um espaço no futuro".

Enquanto as autoridades discutem o futuro da energia, as empresas se ocupam de tentar superar a próxima grande fronteira do gás.A Anadarko Petroleum anunciou na conferência que tomará uma decisão de investimento final para seu megaprojeto em Moçambique no primeiro semestre do ano que vem e a Exxon e a Eni estão levando adiante os planos para uma região próxima, o que mostra que os combustíveis fósseis têm um longo futuro pela frente.

"O futuro da energia será mais limpo, mas não será simples", disse o CEO Chevron, Mike Wirth.

Repórteres da matéria original: Kevin Crowley em Johannesburg, kcrowley1@bloomberg.net;Rachel Adams-Heard em Houston, radamsheard@bloomberg.net;Naureen S. Malik em Nova York, nmalik28@bloomberg.net