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Novartis vai separar Alcon e focar em desenvolvimento

James Paton e Phil Serafino

29/06/2018 09h47

(Bloomberg) -- Após menos da metade de seu primeiro ano como CEO da Novartis, Vas Narasimhan planeja uma terceira grande transação para focar a empresa no desenvolvimento de medicamentos de ponta contra o câncer e outras doenças.

A farmacêutica suíça desmembrará a unidade de cuidados oftalmológicos Alcon e também usará os recursos da venda de US$ 13 bilhões de sua participação em uma joint venture de saúde do consumidor com a GlaxoSmithKline para recomprar até US$ 5 bilhões em ações.

Juntamente com a compra da farmacêutica especializada em doenças raras AveXis por US$ 8,7 bilhões, em abril, as decisões ampliam o foco de Narasimhan em encontrar novos produtos farmacêuticos e levá-los ao mercado. Com doutorado em Harvard, ele está deixando de lado a Alcon, com seu desempenho lento, e reformulando a cultura da empresa para tentar torná-la líder em inovação e no uso de tecnologia.

"Queremos poder concentrar a alocação de capital em nosso núcleo e acreditamos que nosso núcleo serão novas plataformas para desenvolver medicamentos inovadores e investir em dados e tecnologias digitais", disse Narasimhan, em entrevista.

O desinvestimento mais recente reverterá uma das principais medidas estratégicas adotadas por Daniel Vasella, que comandou a criação da Novartis, em 1996, e liderou a empresa como CEO até 2010. Na época, as empresas farmacêuticas estavam se diversificando, abarcando negócios de consumo em um esforço para reduzir a dependência em relação a medicamentos de marca em meio à concorrência com as cópias genéricas e aos atrasos dos novos produtos.

A Novartis comprou a Alcon em fases por mais de US$ 50 bilhões. Os lucros da unidade despencaram após a aquisição e seu sucessor, Joe Jimenez, disse no ano passado que a empresa estava analisando todas as opções para o negócio.

Jimenez afirmou na época que a Alcon poderia ser atraente para os investidores devido à escassez de ativos de saúde com avaliação de US$ 25 bilhões a US$ 35 bilhões. Analistas do Bank Vontobel avaliaram a empresa separada em US$ 15 bilhões a US$ 23 bilhões, segundo uma nota para clientes.

A Novartis vem tentando recuperar a Alcon e Jimenez disse aos investidores em 2015 que esperava criar um plano para levar a unidade em dificuldades "de volta a uma taxa de crescimento decente". Apesar de o negócio ter começado a mostrar sinais de recuperação no ano passado, a empresa reconheceu que havia demorado mais do que o esperado.

Recuperação das vendas

A empresa avaliou todas as opções, incluindo uma venda e uma oferta pública inicial, e decidiu que esse era o melhor caminho para beneficiar os acionistas, já que a Novartis se concentra no desenvolvimento de novos medicamentos, disse o CEO, em conferência com jornalistas. Ele disse que é prematuro comentar o valor da cisão.

Após a separação, a Alcon será incorporada na Suíça e Fort Worth, no Texas, continuará sendo uma sede importante, informou a Novartis. Quando foi adquirido, o negócio consistia em equipamentos cirúrgicos, medicamentos oftalmológicos e produtos de cuidados com a visão, incluindo lentes de contato e colírios. Os medicamentos agora fazem parte da unidade farmacêutica da Novartis e permanecerão com a empresa controladora, segundo o comunicado. A Alcon em sua constituição atual -- com equipamentos e produtos para cuidados dos olhos -- registrou US$ 6 bilhões em vendas no ano passado.

Repórteres da matéria original: James Paton em Londres, jpaton4@bloomberg.net;Phil Serafino em Paris, pserafino@bloomberg.net