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Boom turístico recorde causa problemas na Tailândia

Sunil Jagtiani e Natnicha Chuwiruch

12/07/2018 12h20

(Bloomberg) -- No início de junho, uma pequena baleia-piloto chamou a atenção em todo o mundo por ter ingerido sacolas e embalagens plásticas, o que provocou sua morte no sul da Tailândia. Não foi nada bom para o setor turístico do país.

Um mês depois, o ministro do Turismo da Tailândia, Weerasak Kowsurat, exibia pedaços de um pacote de macarrão instantâneo recuperado do estômago da baleia. Para ele, este é um emblema da crise ambiental e de outros problemas provocados pelo boom turístico recorde que poderia chegar a 40 milhões de visitantes estrangeiros - o equivalente a mais da metade da população do país - em 2019.

"O turismo pode criar e, ao mesmo tempo, o turismo pode atrapalhar", disse Weerasak, de 52 anos, em uma entrevista em seu escritório na capital tailandesa. "O congestionamento não é bom para ninguém, nem para os anfitriões, nem para os hóspedes."

Uma onda de turistas chineses estimulou o crescimento do setor de turismo, que agora responde por cerca de 20 por cento da segunda maior economia do Sudeste Asiático.

Administrar o fluxo de chegada de turistas está sendo um desafio, ressaltado pela tragédia ocorrida na semana passada, que colocou em evidência os padrões de segurança depois que mais de 40 turistas chineses morreram quando um barco afundou no litoral de Phuket.

O desastre não teve um impacto significativo no entusiasmo chinês por férias na Tailândia, mas o governo precisa ser proativo para evitar maiores efeitos colaterais, disse Thongyoo Suphavittayakorn, porta-voz da Associação de Agentes de Viagem Tailandeses.

Muitos dos turistas estrangeiros vão para Bangcoc, para lugares com praias famosas, como Phuket, ou para a popular cidade de Chiang Mai, no Norte, o que sobrecarrega os recursos locais.

Consultado se a Tailândia está chegando perto de sua capacidade turística, Weerasak disse: "Ah, sim".

O ministro está tentando fomentar o turismo em lugares menos visitados do país para evitar o congestionamento em destinos populares e também para lidar com as disparidades nacionais de renda. No entanto, isso cria um novo desafio: como preservar o caráter das comunidades locais e dos lugares históricos, como as antigas ruínas de Ayutthaya, que podem ter de absorver uma onda de turistas estrangeiros.

Weerasak disse que procura "encorajar os turistas domésticos e internacionais a serem muito responsáveis, não apenas com a cultura, mas também com o meio ambiente".

Apesar das dificuldades, o turismo continuará sendo um motor essencial para a Tailândia, onde o crescimento econômico está acelerando, mas permanece atrás do de alguns países vizinhos. Dados do governo mostram que a receita de turistas estrangeiros está projetada muito acima de US$ 60 bilhões para o próximo ano e que os gastos continuam concentrados principalmente nas grandes cidades.

O país fará investimentos na expansão de aeroportos devido ao crescimento do tráfego de passageiros. A estatal Aeroportos da Tailândia planeja injetar bilhões de dólares para aumentar a capacidade em Bangcoc e também em Phuket e Chiang Mai, que atraem muitos turistas.

Países como a França e a Itália, que recebem um tráfego turístico intenso, conseguem dispersar os visitantes, disse Weerasak.

"Este é o padrão que queremos ver", disse ele. "Os números continuam aumentando. Tudo depende de como eles são gerenciados."

--Com a colaboração de Lee Miller.

Repórteres da matéria original: Sunil Jagtiani em Bangcoc, sjagtiani@bloomberg.net;Natnicha Chuwiruch em Bangcoc, nchuwiruch@bloomberg.net