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Dona da Peugeot faz com Opel o que GM não conseguiu em 20 anos

Ania Nussbaum

24/07/2018 12h45

(Bloomberg) -- Um ano depois de a General Motors desistir da fabricante de veículos europeia Opel, a marca está gerando dinheiro novamente com a dona francesa PSA Group após quase duas décadas de prejuízos.

A recuperação mostra que o CEO da PSA, Carlos Tavares, está colhendo os benefícios após pressionar os sindicatos de trabalhadores da Opel a aceitarem perdas de empregos e cortar de tudo, desde impressoras a telefones corporativos. Ele também reduziu o investimento em desenvolvimento colocando novos modelos da Opel sobre plataformas existentes da Peugeot e da Citroën, marcas da empresa controladora.

"Esta é simplesmente a recuperação mais rápida que vi na indústria automotiva em muitos anos", escreveu Jose Asumendi, analista do JP Morgan, em nota. As ações subiram 15 por cento, maior alta desde 2012, e avançavam 14 por cento às 16h52 em Paris.

O retorno ao lucro da marca alemã Opel e da irmã britânica Vauxhall, compradas por 1,3 bilhão de euros (US$ 1,5 bilhão) em março de 2017, amplia a reputação de Tavares de cortador de despesas, mostrando sua capacidade de conseguir as economias necessárias para competir em meio aos altos salários europeus e às margens de lucro magras. A recuperação da própria PSA englobou um resgate em 2014, congelamento de salários, eliminação de modelos deficitários e o fechamento de uma fábrica.

Como resultado, a fabricante voltada ao mercado de massa colocou sua margem de lucro no segmento de marcas de alto padrão como Audi, BMW e Mercedes-Benz. O impulso é necessário para ganhar espaço de manobra em um momento de mudanças sem precedentes no setor, em que regulações forçam fabricantes de automóveis a produzir veículos elétricos redutores de lucros embora os consumidores continuem indecisos a respeito deles. O retorno sobre as vendas da PSA com a fabricação de veículos subiu para um recorde de 8,5 por cento nas marcas Peugeot, Citroën e DS no primeiro semestre e para 7,8 por cento no restante do grupo, incluindo a Opel.

"Estamos vendo os primeiros sinais dessa recuperação", disse Tavares a Caroline Connan, da Bloomberg TV, em entrevista. "Cada funcionário está contribuindo e estou muito feliz de ver os resultados de todas as partes interessadas."

Durante uma conferência com analistas mais tarde, Tavares alertou para a comemoração precoce do sucesso do retorno da Opel aos lucros, que chamou de "um primeiro sinal".

A Opel registrou lucro de 502 milhões de euros nos seis primeiros meses de 2018, que contrasta com o prejuízo do mesmo período do ano anterior, segundo a PSA. Desde a compra da marca em dificuldades, a PSA disse estar fazendo um bom progresso em termos de redução de custos de desenvolvimento de novos modelos, como o próximo hatchback Corsa, de 20 por cento a 50 por cento.

O esforço de redução de gastos também resultou no fechamento de um acordo com representantes dos trabalhadores alemães para a eliminação de 3.700 empregos alemães da Opel de um total de cerca de 20.000 funcionários.