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Momento é bom para criadores de porcos especiais dos EUA

Deena Shanker

26/07/2018 12h05

(Bloomberg) -- Os fazendeiros estão na linha de frente das disputas tarifárias de Donald Trump. Os preços dos suínos caíram nas últimas semanas porque a perspectiva de produção dos EUA está aumentando enquanto as tarifas retaliatórias do México e da China -- países que representam 40 por cento do total de exportações da carne suína -- deixaram os americanos com um excedente de presunto.

Em comunicado enviado por e-mail em 6 de julho, o Conselho Nacional dos Produtores de Suínos dos EUA (NPPC, na sigla em inglês) informou: "Atualmente enfrentamos grandes prejuízos financeiros e contração devido à escalada das disputas comerciais". Mesmo após agradecer ao presidente pelo pacote de ajuda planejado de US$ 12 bilhões anunciado nesta semana, o presidente da NPPC, Jim Heimerl, ressaltou no comunicado as "valiosas relações comerciais internacionais" do setor, que acrescentaram US$ 53,47 ao preço médio de US$ 147 embolsado pelos produtores por cada porco vendido no ano passado.

Nem todos os produtores de suínos estão tão preocupados com os resultados finais. Os fazendeiros que criam suínos especiais, por exemplo, orgânicos com selo Certified Humane e de raça, dizem que seus clientes leais não serão atraídos -- pelo menos por enquanto -- por concorrentes mais baratos. Eles acreditam que seus preços não cairão muito, se é que cairão, juntamente com os dos fornecedores de commodities.

"As pessoas compram meu porco porque pesquisaram, formaram opinião sobre bem-estar animal, práticas regenerativas e fortalecimento da economia rural", diz Will Harris, da White Oak Pastures, uma fazenda da Geórgia com selos de aprovação da Global Animal Partnership e da Certified Humane.

Os porcos dele são criados em bosques -- se alimentam do que encontram, além de amendoim e ovos de galinhas criadas ao ar livre -- e os preços obtêm um prêmio significativo. Os consumidores podem comprar 340 gramas de bacon Oscar Mayer por US$ 7,99 na Amazon.com e o bacon ibérico de Harris sai por US$ 31,99 a libra (453 gramas) em seu website. "Haverá muita resiliência para continuar a apoiar produtos como o nosso."

Os produtores de commodities também estão atentos: a sofisticação pode servir de proteção.

Desde que as disputas comerciais começaram, a Niman Ranch e a Applegate, líderes do setor de carne suína com melhor padrão de bem-estar e subsidiárias da Perdue Farms e da Hormel Foods, respectivamente, anunciaram o aumento da procura de fazendeiros interessados em ser seus fornecedores. Mas o cadastro não é fácil.

"Normalmente nenhuma fazenda que nos aborda está em total conformidade", diz Matt Hackfort, diretor sênior de fornecimento de matéria-prima da Applegate. "Há uma grande porcentagem de desistência devido às mudanças drásticas necessárias" para atender aos padrões de criação.

Os produtos suínos com Certified Humane de Niman vêm de uma rede de fazendas obrigadas, por exemplo, a oferecer aos seus porcos pasto ou forragem que permita que "brinquem, busquem alimentos, explorem, vasculhem e mastiguem". Diferentemente de muitos criadores de porcos, essas restrições adicionais vêm com contratos de longo prazo que não são baseados no mercado de commodities, oferecendo assim uma proteção a curto prazo para as tarifas.

"Atualmente nossos criadores estão respirando aliviados", diz Jeff Tripician, gerente-geral da Niman Ranch.