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Canvas levanta US$ 470 mi para maior fundo distressed do Brasil

Cristiane Lucchesi

22/08/2018 07h00

(Bloomberg) -- A Canvas Capital S.A., uma empresa de investimentos alternativos com participação do Credit Suisse Group AG, levantou US$ 470 milhões no maior fundo dedicado à compra de ativos brasileiros distressed.

O fundo, voltado principalmente para investidores internacionais em Nova York, está comprando crédito corporativo e precatórios com risco-Brasil, segundo Rafael Fritsch, diretor de investimentos para fundos distressed da Canvas, sediada em São Paulo. O Park Hill Group da PJT Partners Inc. ajudou a Canvas a levantar o fundo, disse ele.

"O crescimento econômico menor do que o esperado e a falta de crédito estão criando muitas situações distressed e gerando obstáculos para recuperações das empresas, enquanto os investimentos estão parados por causa das eleições de outubro", disse Fritsch, acrescentando que ele vê oportunidades de compra em setores como o imobiliário, açúcar, etanol e óleo e gás.

Cerca de R$ 30 bilhões são gerados a cada ano em precatórios na maior economia da América Latina, e as empresas estão mais dispostas a vendê-los para levantar caixa, segundo Fritsch. A taxa básica de juros do Banco Central está em recorde de baixa de 6,5% ao ano, o que dificulta as negociações, já que as corporações pedem preços mais altos, disse ele.

Crescimento desacelera

Depois de mais de dois anos de uma profunda recessão, a economia do Brasil continua estagnada. O governo disse que o Produto Interno Bruto provavelmente teve contração no segundo trimestre, e os economistas estimam que o crescimento para o ano inteiro cairá para 1,49 porcento, ante uma estimativa de 2,89 porcento em maio, segundo o Banco Central. Os pedidos de recuperação judicial cresceram 4,4 porcento neste ano até julho em comparação com o mesmo período de 2017, chegando ao total de 850, de acordo com a Serasa Experian.

O novo fundo, chamado de Canvas Distressed Credit Fund, pode comprar títulos ou empréstimos denominados em moeda local ou dólares, disse Fritsch, acrescentando que mais da metade dos investidores pediu retornos em dólares. A Canvas receberá taxas de performance cada vez que os rendimentos anuais ultrapassarem 7% em dólares ou superarem a taxa interbancária DI do Brasil para retornos pagos em moeda local.

Incluindo seu novo fundo, a Canvas tem R$ 6,5 bilhões sob gestão em todos os seus fundos, dos quais R$ 3,1 bilhões em fundos distressed.

Fritsch terá até dois anos para investir os US$ 470 milhões e três anos para os desinvestimentos. Cerca de 25% do total já foi investido, disse ele, acrescentando que o mínimo para cada investimento individual é de cerca de US$ 10 milhões.

Para atrair e reter executivos top no Brasil, o Credit Suisse começou a dar a eles participações em empresas de gestão de recursos, incluindo a Canvas. O banco detém uma participação minoritária e sem direito a voto na empresa, que foi criada em 2012 com Antonio Quintella, ex-presidente para as Américas do Credit Suisse. Quintella é o presidente da Canvas e um sócio controlador.

"Os bancos estão cada vez mais dispostos a vender sua carteira distressed para limpar seus balanços e obter benefícios fiscais", disse Fritsch.