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Mandarin Oriental chega à América do Sul com novos hotéis

Eduardo Thomson

22/08/2018 14h50

(Bloomberg) -- A Mandarin Oriental prefere uma aposta segura em vez de uma aposta grande na América do Sul.

A operadora de hotéis de luxo decidiu ignorar São Paulo, o centro cultural e financeiro da região, e preferiu a relativamente tranquila Santiago. A capital chilena pode não ter o apelo deslumbrante da metrópole brasileira - e dos ricos viajantes que a acompanham - mas também não tem a criminalidade.

A tranquilidade de Santiago foi o principal fator na análise da Mandarin Oriental International sobre a América Latina, disse o gerente do país, Ignacio Rodríguez, em entrevista. Agora, a rede de hotéis com sede em Hong Kong está trabalhando a todo vapor para reformar um hotel anteriormente operado pela Hyatt que deve abrir as portas no início de 2019. O imóvel, que tem 310 quartos e 23 suítes, será rebatizado como um Mandarin Oriental.

A empresa planeja abrir seu segundo hotel no país em 2020, na cidade litorânea Viña del Mar. Os empreendimentos fazem parte da estratégia definida pelo CEO do grupo, James Riley, que planeja dobrar o número de hotéis em todo o mundo. A América Latina é uma região óbvia para o crescimento, disse Rodríguez.

O Chile está se tornando um lugar cada vez mais atraente para o mercado de luxo da região, à medida que a renda disponível aumenta. Um exemplo ilustrativo: a Rolls-Royce Cars tem apenas duas concessionárias na América do Sul, uma em São Paulo e outra em Santiago. A associação de produtos de luxo do Chile, que inclui marcas como Bentley, BMW e Infiniti, a empresa de cruzeiros Crystal Cruises, a fabricante de relógios Omega e a marca de calçados Salvatore Ferragamo, informou que as vendas cresceram 9 por cento no ano passado, para US$ 654 milhões, segundo um relatório do jornal La Tercera.

O Chile também tem a seu favor os baixos índices de criminalidade, com uma taxa de assassinatos de 3,5 por 100.000 habitantes, a mais baixa da América do Sul, contra 56 na Venezuela e 30 no Brasil, segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

O setor hoteleiro está crescendo no Chile. As taxas de ocupação subiram para 68 por cento no ano passado, as mais altas da região, de acordo com a Deloitte. Buenos Aires tem uma taxa de ocupação de 59 por cento. Entre os países, o Brasil tem 53 por cento, o Peru, 64 por cento, e a Colômbia, 57 por cento.

Os preços em Santiago têm diminuído graças aos serviços on-line, como Airbnb, mas com as altas taxas de ocupação nos últimos quatro anos, acima de 60 por cento, o setor está apostando em mais crescimento. A Deloitte afirmou que 22 novos hotéis estão sendo construídos em Santiago, o que adicionará mais de 4.000 novos leitos até 2022.

A Mandarin Oriental aposta no reconhecimento de sua marca e no atendimento cuidadoso para atrair clientes, disse Rodríguez.

"Poucos hotéis oferecem algo tão simples como a possibilidade de deixar seus sapatos do lado de fora do quarto para que eles sejam polidos gratuitamente para o dia seguinte, ou de mandar passar uma camisa e, se os funcionários notarem que um botão está faltando, que isso seja resolvido imediatamente", disse Rodríguez.