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Consumo de bebidas alcoólicas não é seguro, aponta análise

Lucca de Paoli e Thomas Buckley

24/08/2018 13h51

(Bloomberg) -- O consumo de bebidas alcoólicas está ligado a cerca de 2,8 milhões de mortes a cada ano, de acordo com pesquisadores que concluíram que não há nível seguro para o consumo.

A substância química presente na cerveja, no vinho e nas bebidas destiladas está associada a quase uma em 10 mortes de pessoas com idade entre 15 a 49 anos em todo o mundo e é o principal fator de risco para essa faixa etária, de acordo com uma análise de estudos anteriores publicada no periódico médico Lancet.

A combinação dos riscos de saúde associados ao álcool supera quaisquer benefícios possíveis, disse Max Griswold, da Universidade de Washington, um dos autores da análise, em um comunicado. Embora o estudo tenha concluído que o álcool oferece certa proteção contra a doença arterial coronariana em mulheres, "a forte associação entre o consumo de álcool e o risco de câncer, de lesões e de doenças infecciosas" compensou isso.

"As conclusões do estudo são claras e inequívocas: o álcool é um gigantesco problema de saúde global", disse Robyn Burton, do King's College London, outra autora. "As soluções são simples: aumentar a tributação gera renda para Ministérios da Saúde sobrecarregados e reduzir a exposição das crianças ao marketing de bebidas alcoólicas não têm nenhuma desvantagem."

O artigo é o mais recente ataque a empresas de bebidas alcoólicas em um longo debate sobre a segurança de seus produtos. Em abril, outra grande análise de estudos anteriores, também publicada no Lancet, identificou certa redução dos ataques cardíacos entre bebedores, mas concluiu que o consumo de álcool aumentou o risco de morte prematura por várias outras doenças.

As maiores fabricantes de bebidas alcoólicas do mundo, como Diageo, proprietária da vodca Smirnoff, e Pernod Ricard, que produz o uísque Chivas Regal, há muito promovem a moderação para lidar com as preocupações de saúde. Elas adotaram o mantra "beber menos quantidade, mas de maior qualidade" para tentar apaziguar os críticos e, ao mesmo tempo, elevar os lucros com a venda de produtos mais caros. A Diageo também adquiriu uma participação minoritária na Seedlip, uma bebida sem álcool que pretende proporcionar a profundidade de sabor e a sensação na boca de um destilado sofisticado.

As principais causas de mortes relacionadas ao álcool na faixa etária de 15 a 49 anos foram tuberculose, acidentes de trânsito e lesões autoprovocadas, segundo o estudo. Para pessoas com mais de 50 anos, a principal causa de morte relacionada ao álcool foi o câncer.

Os autores coletaram dados de quase 700 estudos anteriores para estimar a prevalência do álcool em diferentes países e concluíram que os maiores bebedores estavam em países europeus. O homem romeno médio bebeu o equivalente a 8,2 garrafas de cerveja por dia em 2016, a maior quantidade do mundo. Os países que consomem menos bebidas alcoólicas têm populações majoritariamente muçulmanas.

Repórteres da matéria original: Lucca de Paoli em Londres, gdepaoli1@bloomberg.net;Thomas Buckley em Londres, tbuckley25@bloomberg.net