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Mineradoras buscam riquezas para baterias em coleção de rochas

Niclas Rolander

30/08/2018 15h22

(Bloomberg) -- A Suécia finalmente está colhendo os benefícios de abrigar a maior coleção de rochas da Europa em meio à corrida global pelos escassos metais que movem os carros elétricos.

Durante mais de um século, o país nórdico acumulou milhares de amostras de minério -- tantas que, se fossem organizadas em fila, se estenderiam de Minneapolis, nos EUA, ao México, ou além. Elas estão armazenadas no arquivo do núcleo de perfurações da Pesquisa Geológica da Suécia, onde os visitantes pagam 1.000 coroas (US$ 110) por dia para examinar rochas armazenadas em fileiras e fileiras de caixas de madeira na esperança de detectar depósitos ricos de minerais como cobalto, o mineral cinza-azulado que tem deixado as fabricantes de automóveis em pânico.

Inicialmente extraídos em meio à busca por metais de base como ferro e cobre, as rochas estão recebendo atenção novamente porque a Suécia é uma região rara da Europa que ostenta todas as matérias-primas usadas na fabricação de baterias.

"Para quem está no ramo de exploração mineral, este é realmente o único lugar onde se deve estar", disse Amanda Scott, geóloga que ajuda mineradoras a descobrirem os melhores lugares para encontrar minerais como cobalto, lítio e vanádio.

O arquivo está a cerca de nove horas de viagem de Estocolmo, para o norte, aninhado nas profundezas das florestas da província da Lapônia. A coleção há tempos atrai geólogos fascinados pelo Escudo Báltico, o segmento da crosta terrestre que engloba a Suécia e que é rico em rochas cristalinas pré-cambrianas, entre as mais antigas da Europa.

Mas o foco mudou porque a caçada global por recursos minerais para baterias está levando mineradoras e geólogos a reexaminarem antigos locais de exploração em lugares como Canadá, Austrália Ocidental e Finlândia, atualmente o único lugar na União Europeia que produz cobalto.

A inclusão da Suécia no grupo é importante para as fabricantes de veículos europeias, porque no momento 60 por cento dos centros globais de produção ficam na República Democrática do Congo, país onde a corrupção é desenfreada e a Anistia Internacional registrou uso de trabalho infantil em algumas minas artesanais. A maior parte do cobalto do Congo, enquanto isso, é refinada na China, que domina a cadeia de abastecimento de baterias.

Se exploradas, as reservas de cobalto da Suécia poderiam mover mais de 4 milhões de veículos, algo que o governo aposta que revitalizará o setor de mineração depois que a queda de commodities desta década sufocou os novos projetos. No ano passado, o país emitiu um número recorde de licenças de exploração para metais para baterias, incluindo 48 para o cobalto, mais do que em todos os anos anteriores deste século combinados.

"A Suécia não alcançará os níveis do Congo, mas certamente pode passar a ter importância para o mercado europeu", disse Pär Weihed, professor de geologia e pró-reitor da Universidade Tecnológica de Lulea, no norte da Suécia. "Existe um potencial geológico muito bom para basicamente todos os metais importantes."