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Novas gerações adiam casamento e taxa de divórcio cai nos EUA

Ben Steverman

25/09/2018 11h24

(Bloomberg) -- Americanos com menos de 45 anos descobriram um novo modo de se rebelar contra os mais velhos: permanecer casados.

Novos dados mostram que os casais mais jovens têm relacionamentos muito diferentes das pessoas da geração do baby boom, que se casaram cedo, se divorciaram, se casaram novamente e assim por diante. A geração X e especialmente a geração Y estão sendo mais exigentes com relação a com quem se casam, juntando as escovas de dentes em idades mais avançadas, quando estudos, carreira profissional e finanças já estão encaminhados. Como resultado, a taxa de divórcio nos EUA caiu 18 por cento de 2008 a 2016, de acordo com uma análise feita por Philip Cohen, professor de sociologia da Universidade de Maryland.

Os demógrafos já sabiam que a taxa de divórcio estava caindo, mesmo que o americano médio não soubesse. No entanto, a pergunta foi: por quê? E o que as tendências atuais significam para as perspectivas conjugais dos recém-casados de hoje?

Uma hipótese é que as taxas de divórcio estejam caindo em grande parte por causa de outras mudanças demográficas - especialmente o envelhecimento da população. Pessoas mais velhas são menos propensas a se divorciar, então talvez o abrandamento da geração do baby boom possa explicar a tendência. A análise de Cohen dos dados da pesquisa do Censo dos EUA, no entanto, sugere que há algo mais fundamental em ação. Mesmo controlando fatores como a idade, a taxa de divórcio no mesmo período caiu 8 por cento.

"A mudança entre os jovens é particularmente notável", disse Susan Brown, professora de sociologia da Universidade Estadual de Bowling Green, sobre as conclusões de Cohen. "As características dos casais jovens de hoje sinalizam um declínio constante [nas taxas de divórcio] nos próximos anos."

O mérito da redução é atribuído aos jovens porque a geração do baby boom continuou se divorciando em taxas anormalmente altas, inclusive depois dos 60 e 70 anos de idade. De 1990 a 2015, de acordo com o Centro Nacional de Pesquisas sobre Família e Casamento de Bowling Green, a taxa de divórcio dobrou para pessoas entre 55 e 64 anos e até triplicou para os americanos de 65 anos ou mais. Os resultados da pesquisa realizada por Cohen sugerem que essa tendência, chamada de "divórcio grisalho", pode ter se estabilizado na última década, mas a geração do baby boom continua se divorciando a taxas muito mais altas do que as gerações anteriores em idades semelhantes.

Os jovens casais de hoje parecem não estar seguindo pelo mesmo caminho.

"Uma das razões para o declínio é que a população casada está ficando mais velha e mais escolarizada", disse Cohen. Menos pessoas estão se casando, e aquelas que se casam são o tipo de pessoa menos propensa a se divorciar, disse ele. "Cada vez mais, o casamento é uma conquista do status, não algo que as pessoas fazem independentemente de como estiverem se saindo."

Muitos americanos mais pobres e menos instruídos estão optando por não se casar. Eles moram juntos e muitas vezes criam filhos juntos, mas decidem não se casar. E estudos mostraram que essas relações de coabitação estão menos estáveis que antigamente.

Um número menor de divórcios, portanto, não é apenas uma má notícia para os advogados matrimoniais, é também um sinal do crescente abismo de desigualdade nos EUA. O casamento está se tornando uma instituição mais duradoura, mas muito mais exclusiva.