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Petrobras e EIG podem realizar sonho portuário de Eike Batista

R.T. Watson

26/09/2018 12h32

(Bloomberg) -- O ex-bilionário Eike Batista certa vez se gabou de que seu porto do tamanho de Manhattan se tornaria a "estrada do Brasil para a China".

Eike faliu antes que isso acontecesse, mas o porto do Açu, perto dos principais campos de petróleo offshore do Rio de Janeiro, está se tornando uma parte crucial da infraestrutura de petróleo do Brasil. Agora, o porto está perto de assumir como cliente a estatal Petrobras, disse José Magela Bernardes, diretor presidente da operadora de portos Prumo Logística, que é de propriedade da empresa de private-equity EIG Global Energy Partners.

A Prumo já possui um terminal de petróleo que é usado por clientes como Royal Dutch Shell e Galp Energia, e o acordo com a Petrobras, maior produtora do País, é provável porque seus portos próprios estão operando perto da capacidade, disse Bernardes. O executivo vê uma oportunidade de conectar Açu à rede de oleodutos da Petrobras e abastecer suas refinarias com petróleo bruto.

Integrar o porto do Açu à infraestrutura de petróleo e gás do Brasil é vital para a segurança nacional, caso circunstâncias imprevistas causem o fechamento de algum dos terminais da Petrobras, acrescentou ele. A greve dos caminhoneiros em maio e junho provocou escassez de combustível, paralisou a economia do País durante quase duas semanas e expôs suas vulnerabilidades logísticas.

"Eles basicamente têm dois terminais, Angra e São Sebastião, que estão totalmente utilizados", disse Bernardes, em entrevista nos bastidores da conferência Rio Oil & Gas. "O que vai acontecer se, por algum motivo, um desses portos não funcionar?"

O porto do Açu é o único projeto portuário recente a decolar no sul do Brasil, onde é produzida a maior parte do petróleo do país, o que torna o projeto ainda mais importante, porque a produção de petróleo deve se expandir nos próximos anos, disse ele.

Eike, atualmente preso por uma condenação por corrupção, entrou em colapso sob uma montanha de dívidas em 2013 e a maioria de seus empreendimentos, como o porto do Açu, foram adquiridos por seus credores. Embora uma dúzia de empresas tenha instalações lá, o porto ainda exibe sinais da ruína de Eike. Parte do melhor imóvel do porto permanece inativa porque o empreendimento de construção naval de Eike continua sob recuperação judicial e o porto do Açu não pode realocar o espaço, disse ele.

Refletindo sobre o legado do magnata em decadência, Bernardes disse que, pelo menos em relação ao porto do Açu, a "visão de Eike não era completamente disparatada".