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Guru de videogame mais lucrativo do mundo vê futuro em esportes

Yuji Nakamura e Yuki Furukawa

05/10/2018 14h18

(Bloomberg) -- Há cinco anos, Koki Kimura conseguiu arquitetar uma recuperação inimaginável para salvar sua empresa. Agora, ele vai tentar fazer isso de novo.

Aos 42 anos, ele dirige uma empresa de tecnologia chamada Mixi, que tem uma das histórias corporativas mais tumultuadas do Japão. A Mixi operou durante anos a rede social mais popular do país - até que o Facebook apareceu. Depois, Kimura dirigiu a divisão de videogames e criou o Monster Strike, que se tornou o jogo para aparelhos móveis mais lucrativo da história. Como agora os lucros estão desacelerando e um escândalo por ingressos de show custou o emprego a seu predecessor na presidência, a Mixi precisa se reinventar novamente.

Após quatro meses no novo cargo, Kimura acredita ter encontrado a solução: um novo produto digital que combina o entretenimento de assistir a esportes tradicionais com a interatividade dos videogames. Faltam meses para a apresentação, mas Kimura sugere que poderia ser como assistir ao Lakers de LeBron James com amigos enquanto você concorre para prever resultados específicos - como, por exemplo, quantos pontos um jogador fará ou quantas infrações serão cometidas.

"Estamos preparando uma nova forma de se envolver nos esportes com os amigos", disse Kimura em uma entrevista em seu escritório, no distrito de Shibuya, em Tóquio, o coração do setor tecnológico do Japão.

Ele projeta que o novo serviço acabará sendo mais importante para a Mixi do que os videogames, que geraram 98 por cento dos lucros operacionais no último ano fiscal. Ele estima que esse produto e outro empreendimento novo relativo à saúde representarão dois terços do balanço em cerca de cinco a dez anos.

Os investidores não estão lhe dando muito crédito. Até quinta-feira, as ações da empresa tinham caído 61 por cento em relação ao pico de junho de 2017, o que eliminou cerca de US$ 3 bilhões do valor da Mixi. Os lucros do Monster Strike, a principal fonte de receita, diminuíram em três trimestres consecutivos, e o escândalo do site de revenda de ingressos não ajudou. Em junho, investigadores concluíram que o site revendeu ingressos sem autorização, às vezes a preços mais altos, inclusive para shows das boy bands mais populares do Japão. A reação negativa abalou a imagem da Mixi, obrigou o site a fechar e levou o presidente anterior a pedir demissão.

Kimura diz que o novo plano consiste em combinar redes sociais, jogos para aparelhos móveis e esportes tradicionais assistidos pelo smartphone. O trabalhou começou no ano passado, quando a Mixi começou a adquirir participações em equipes profissionais de futebol e basquete nas redondezas de Tóquio. Kimura, um torcedor roxo dos Yomiuri Giants, disse que também está buscando participações em equipes profissionais de beisebol do Japão. Essas parcerias são os pilares para o novo produto, que ele espera apresentar no primeiro semestre de 2019.

"Não se trata apenas de assistir a esportes", diz ele. "Trata-se de oferecer um serviço que estimule a interação com os amigos."

Repórteres da matéria original: Yuji Nakamura em Tóquio, ynakamura56@bloomberg.net;Yuki Furukawa em Tóquio, yfurukawa13@bloomberg.net