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Fundação Gates apoia expansão de app de autocheckup na África

John Lauerman e Jeremy Kahn

10/10/2018 12h20

(Bloomberg) -- Um aplicativo gratuito que permite que os pacientes façam exames de saúde rápidos em si mesmos é a peça central de um projeto apoiado pela Fundação Gates para oferecer cuidados melhores nas regiões pobres da África, da Ásia e da América do Sul.

O aplicativo médico, que também recebe financiamento da Fondation Botnar, com sede na Suíça, será o primeiro do gênero disponível no idioma suaíli e também será oferecido gratuitamente na Romênia, informou a startup de tecnologia Ada Health em comunicado, na quarta-feira. O projeto com a Botnar oferecerá assessoria de saúde com inteligência artificial da Ada a pelo menos 2 milhões de pessoas em áreas com pouco acesso a hospitais e provedores.

Países pobres de todo o mundo sofrem escassez severa de profissionais de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e os maiores desafios se dão na África, onde a necessidade não atendida deverá aumentar mais fortemente. O software da Ada é projetado para ajudar os pacientes a determinar se precisam de cuidados e colocá-los em contato com serviços nas proximidades quando necessário, aliviando a pressão nos sistemas de saúde.

"Isso ajuda a pessoa a ter uma ideia melhor da condição médica que está causando os sintomas e, com isso, ajuda na tomada de uma decisão informada a respeito dos próximos passos", disse Daniel Nathrath, cofundador e CEO da Ada, que tem sede em Berlim. "Na Tanzânia, muitas vezes a melhor opção será descobrir onde está o agente comunitário de saúde mais próximo."

A Fundação Bill & Melinda Gates, com sede em Seattle, nos EUA, é a instituição de caridade mais rica do mundo, com US$ 51 bilhões em ativos de doações no fim de 2017. Embora não tenha informado o tamanho do apoio das fundações, a Ada afirmou que usará os recursos da Gates e da Botnar para contratar pessoal para os novos projetos.

Prevalência de doenças

A Ada também pesquisará como o autocheckup baseado em IA pode ajudar os serviços de saúde nos países em desenvolvimento com ênfase na prevenção de epidemias possivelmente fatais. O software será personalizado para certos países por meio da coleta de dados a respeito da prevalência de doenças como a malária, que são mais comuns no mundo em desenvolvimento do que no Ocidente, disse Nathrath.

Fundada em 2011, a Ada oferece um aplicativo para celular que orienta as pessoas em relação aos sintomas, informa causas prováveis e as aconselha sobre o que fazer -- seja para tomar uma aspirina ou chamar uma ambulância. Atualmente disponível em inglês, alemão, espanhol, português e francês, o aplicativo foi baixado por cerca de 5 milhões de pessoas em mais de 130 países.

A Ada recebeu quase US$ 70 milhões em financiamento, incluindo uma rodada de investimento de 40 milhões de euros (US$ 46 milhões) em outubro de 2017 liderada pela Access Technology Ventures, uma firma de capital de risco de Nova York. Entre as concorrentes estão a Your.MD AS, com sede em Londres, a Kry, de Estocolmo, e a WebMD Health, dos EUA. Outra concorrente britânica, a Babylon Healthcare Services, mantém uma iniciativa com o governo de Ruanda por meio da qual seu aplicativo foi usado para tratar mais de 2 milhões de pessoas.

Os críticos afirmam que a eficácia de aplicativos do tipo continua incerta segundo os padrões científicos tradicionais. Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard que realizaram um estudo comparativo em 2016 concluíram que os médicos eram duas vezes melhores do que os aplicativos de verificação de sintomas no diagnóstico de pacientes com base nas descrições de sintomas feitas por eles e no histórico médico básico.

Repórteres da matéria original: John Lauerman em Londres, jlauerman@bloomberg.net;Jeremy Kahn em Londres, jkahn21@bloomberg.net