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Igrejas alemãs administram banco supervisionado por missionária

Stephan Kahl

11/10/2018 14h46

(Bloomberg) -- Entre os membros do banco há 648 paróquias, uma missionária faz parte do conselho e a maioria dos produtos de investimento está sujeita a diretrizes éticas e de sustentabilidade.

O Bank für Kirche und Caritas faz parte de um pequeno grupo de credores alemães pouco conhecidos que basicamente pertencem às próprias instituições das igrejas. Como as taxas de juros baixas estão deprimindo os retornos de muitos ativos tradicionais, esses prestadores de serviços financeiros especializados têm muito trabalho hoje em dia. Eles precisam fazer malabarismos para preservar os ativos das igrejas e ao mesmo tempo evitar investir em setores ou países controversos.

"Como atualmente é quase impossível obter retornos com investimentos em renda fixa, mais instituições de caridade das igrejas recorrem a nós para que seus fundos sejam administrados profissionalmente", disse Richard Boeger, CEO do Bank für Kirche und Caritas, à Bloomberg. "No ano passado, os ativos sob gestão cresceram 17,8 por cento na nossa gestão de portfólio." O banco foi fundado como instituição de autoajuda financeira para igrejas católicas em 1972.

Outros credores financiados por igrejas contam histórias semelhantes. O Bank für Kirche und Diakonie, com sede em Dortmund, na Alemanha, vê uma profissionalização cada vez maior ao analisar os investimentos de seus clientes de igrejas, disse o CEO Ekkehard Thiesler. "Uma das razões é o atual período de taxas de juros baixas, que levou as igrejas investidoras a reduzirem a proporção de títulos de renda fixa e a explorarem novas oportunidades de investimento."

Ativos

Não existem números detalhados sobre o total de ativos das igrejas católicas e protestantes na Alemanha. No entanto, Carsten Frerk, cientista político e especialista em igrejas, fez uma estimativa. "Com base em minhas próprias estimativas plausíveis, as duas igrejas, incluindo suas empresas comerciais, têm ativos no valor de cerca de 345 bilhões de euros", disse ele. "Isso sem contar as organizações Caritas e Diakonie, que têm uma quantidade considerável de ativos imobiliários."

Na luta contra as taxas de juros baixas, as igrejas estão buscando não apenas a ajuda de bancos comerciais tradicionais como o Joh. Berenberg Gossler & Company, mas também a de seus próprios credores especializados, como o Bank für Kirche und Caritas. Com 120 funcionários, o banco atende dioceses católicas, hospitais e comunidades religiosas em toda a Alemanha.

O credor com sede em Paderborn, na Alemanha, que faz parte da rede alemã de bancos cooperativos, oferece estratégias de gestão de ativos sob medida a partir de 5 milhões de euros. Muitos clientes usam o filtro de sustentabilidade do banco para seus investimentos. "Por exemplo, empresas que violam as convenções sobre lavagem de dinheiro, subornos ou corrupção são excluídas", disse Bernhard Matthes, diretor de gestão de portfólio. "Títulos emitidos por países com pena de morte ou as ações de fabricantes de armas também são tabu."

Segundo números do Deutsche Bundesbank, o número de credores no país diminuiu em 65, para 1.823 em 2017, à medida que a consolidação do setor continuou. Boeger, no entanto, não vê nenhuma pressão para fusões entre os bancos de igrejas do país. "Todos estão ganhando dinheiro", disse ele. "Do ponto de vista econômico, as fusões não são necessárias."