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Lucros corporativos são luz no fim do túnel de ações emergentes

Srinivasan Sivabalan e Paul Wallace

22/10/2018 13h13

(Bloomberg) -- Analistas estão subindo as estimativas para os lucros e dividendos de empresas sediadas em países emergentes, visualizando o fim do mais longo período de perdas nessas ações desde a crise financeira.

Pela quarta vez em quatro meses, o MSCI Emerging Markets Index tenta se recuperar após um tombo que eliminou US$ 5,3 trilhões em valor de mercado. A projeção média para os lucros nos próximos 12 meses chegou ao maior nível desde 10 de agosto e, no caso dos dividendos, a estimativa é a mais elevada em quatro meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os valores atuais das ações de países emergentes ? quase nos níveis mais baixos desde 2016, quando começou uma fase de ganhos que durou dois anos ? começam a atrair investidores de volta para esse mercado, que está em queda há 258 dias. Para alguns gestores de recursos, a guerra comercial entre EUA e China, problemas em economias mais fracas como a Turquia e o aperto da política monetária americana já estão refletidos nas cotações dos ativos.

"As más notícias estão mais embutidas nos preços de ativos de países emergentes do que em outras classes de ativos", disse Steffen Reichold, gestor da Stone Harbor Investment Partners, em Nova York. "Talvez estejamos em um ponto em que isso leve os ativos dos EUA a um desempenho pior.''

No começo de outubro, o índice da MSCI que é referência para mercados emergentes chegou ao menor valor relativo em relação ao S&P 500 desde a crise financeira, com desconto de 36 por cento. O movimento rompeu uma tendência de cinco anos, quando o desconto das ações de países em desenvolvimento não passava de 33 por cento. Nos EUA, as bolsas caíram em 15 dos últimos 20 dias.

Nas últimas duas semanas, houve algum alívio nas bolsas de países emergentes e o desconto ficou em 34 por cento. Gestores como Reichold apostam que perdas nos EUA podem favorecer ativos de países emergentes porque podem conter a fuga de capital na direção de instrumentos denominados em dólar.

Embora as bolsas emergentes acumulem queda de 23 por cento desde a máxima atingida em janeiro, os fundamentos corporativos têm melhorado. Pela primeira vez desde 2011, componentes do índice da MSCI estão atingindo as previsões de lucro que os analistas fizeram 12 meses antes.

Isso pode aumentar a confiança dos gestores de que a melhora das estimativas para lucros e dividendos sustentará uma recuperação nas cotações desses ativos.

"Os investidores já reduziram seus riscos nos mercados emergentes'', disse Reichold. "Estamos em um ponto de partida melhor."

Repórteres da matéria original: Srinivasan Sivabalan em Londres, ssivabalan@bloomberg.net;Paul Wallace em Lagos, pwallace25@bloomberg.net