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Toyota: 'Acho que vai acontecer', diz CEO sobre híbrido flex

Leonardo Lara

13/11/2018 12h22

(Bloomberg) -- Os resultados dos testes realizados com o protótipo de tecnologia híbrida flex, apresentado pela empresa em março deste ano, têm sido promissores, apesar de ainda não haver uma decisão final sobre a viabilidade do projeto, segundo Steve St. Angelo, presidente para América Latina e Caribe e chairman da Toyota do Brasil. "Tudo está superando nossas expectativas".

O projeto, único no mundo, segundo a empresa, combina um motor elétrico e outro flex, a etanol e gasolina. Segundo o executivo essa é a melhor tecnologia para o Brasil "hoje e provavelmente nos próximos dez anos", porque "se todos os carros do Brasil fossem elétricos hoje, nossa rede iria explodir".

Além disso, a indústria de cana-de-açúcar é muito importante para o país, de acordo com St. Angelo, e muitas empresas do setor estariam fechadas se a frota fosse elétrica. "Híbridos são carros auto carregáveis, eles se carregam enquanto você dirige, então não há nenhuma preocupação sobre ir daqui ao Rio e ficar sem bateria, onde eu vou conectar".

"Nós não tomamos uma decisão final para realmente implementá-lo em qualquer um dos nossos veículos, mas eu tenho que ser honesto com você, eu acho que vai acontecer", disse St. Angelo durante entrevista no Salão do Automóvel de São Paulo. Ele cita Takeshi Uchiyamada, criador do Prius, modelo híbrido da Toyota, durante encontro no mês passado no Japão ao dizer que a tecnologia híbrida flex é a mais limpa em qualquer lugar do mundo.

Sobre quanto seria necessário investir para implementar a tecnologia híbrida flex, St. Angelo disse que ainda não tem um valor em dólar, "mas o que eu posso dizer é que não é muito. São alguns ajustes e calibragens". Para ele, os engenheiros brasileiros surpreenderam com sua criatividade ao conseguirem implementar essa tecnologia de forma "relativamente fácil".

Em termos de prazo de implementação após o sinal verde da matriz no Japão, St. Angelo disse não acreditar que seja um projeto para três ou cinco anos. "Quanto mais rápido eu puder colocar em produção, eu vou fazer isso". E acrescenta que a tecnologia não será aplicada apenas no Prius, que é o híbrido global da marca. "Se eu tivesse que fazer isso, eu não faria apenas no Prius, eu encontraria algo que fazemos aqui ou na Argentina para implementar essa nova tecnologia".

Apesar do otimismo com os resultados preliminares da nova tecnologia, Steve St. Angelo fala do desafio de fazer suas plantas no Brasil e na Argentina competitivas em termos globais. E para melhorar esse cenário ele diz que sua equipe na região tem feito "muita redução de custos, muita engenharia criativa, tentando baixar nossos custos".

Ele usa como exemplo o Corolla, que é feito no Brasil e exportado atualmente para Argentina, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Peru. "Tenho 40 países sob minha administração, por que não posso exportar Corollas brasileiros para meus 40 países? Isso quebra meu coração". Ele cita a necessidade de melhoria na infraestrutura e na educação do país e lamenta que o custo para investimento na região, em algumas situações, seja o dobro ou o triplo. "Os impostos são tão altos que eles matam você".

"Ainda acreditamos no Brasil, acreditamos na América Latina. Nós queremos competir. Nós não queremos competir apenas no Brasil, eu não quero competir apenas para vender carros na Argentina. Eu quero competir globalmente", diz o executivo.