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Segmento de ultraluxo resiste ao declínio do mercado imobiliário

James Tarmy

11/12/2018 12h49

(Bloomberg) -- Um novo relatório da agência imobiliária Knight Frank concluiu que 153 propriedades da categoria "ultra-prime" ("ultraluxo") de seis cidades foram negociadas por um total de US$ 6,6 bilhões no ano passado, uma média de US$ 43 milhões por residência.

Hong Kong foi líder mundial em vendas de mais de US$ 25 milhões, seguida por Nova York e Londres.

"Fundamentalmente, há um mercado por região do mundo e são os centros financeiros", diz Liam Bailey, chefe global de pesquisa da Knight Frank. "Há muita gente ganhando muito dinheiro e estas pessoas estão dispostas a gastar uma quantia significativamente maior para ter acesso ao produto certo."

A equipe de Bailey identificou 129.730 pessoas no planeta com mais de US$ 50 milhões em ativos investíveis em 2017. Eles enxergaram uma participação consistente desses indivíduos no mercado ultra-prime em apenas 17 áreas geográficas de vendas. "Eu achava que haveria mais lugares", diz Bailey. "Excluímos os lugares nos quais houve vendas isoladas desse nível." (Para uma área se qualificar, eram necessárias pelo menos três vendas de mais de US$ 25 milhões nos últimos 12 meses).

As cidades responderam por cerca de metade das transações; o restante foram chalés em centros de esqui (St. Moritz e Gstaad, na Suíça, Courchevel, na França, e Aspen, nos EUA) e outras casas de férias em lugares como Malibu, Palm Beach, no sul da França, Mônaco e Caribe.

Considerando a onda recente de más notícias para mercados imobiliários em todo o mundo, o cenário apresentado pelo relatório da Knight Frank surpreende.

No fim das contas, "houve um crescimento no mercado de primeira linha, que está levemente desconectado do mercado 'prime' principal", diz Bailey. Em outras palavras, mesmo que o mercado imobiliário para ricos esteja afundando, o mercado sustentado pelos super-ricos ainda é robusto.

Bailey diz que a percepção de que o topo do mercado está em apuros resulta do excesso de oferta, e não da queda da demanda.

"Há mais estoque", diz. "No caso de Nova York, o que se conta é a história da desaceleração do mercado. O pano de fundo é que o mercado na verdade ampliou as vendas, mas há muito mais propriedades para comprar."

Segundo o relatório, o nível combinado de transações de Nova York, Londres e Hong Kong aumentou 12 por cento nos últimos dois anos e "o crescimento deverá continuar".

Cidade por cidade

Hong Kong não apenas registrou o maior número de transações, mas também foi a mais cara. Quarenta e sete propriedades foram vendidas por um total de US$ 2,5 bilhões, ou uma média de US$ 52,8 milhões por residência.

O topo do mercado de Nova York cresceu 50 por cento de 2015 a 2017, segundo o relatório; nos últimos 12 meses, foram registradas 39 vendas de mais de US$ 25 milhões, com um impressionante total de US$ 1,5 bilhão.

O mercado de Londres, em contrapartida, está notavelmente em declínio. O relatório cita preocupações em relação ao Brexit e impostos de transmissão de imóveis mais altos para explicar a queda da cidade, antes líder mundial em imóveis superluxuosos. Em 2015, segundo o relatório, mais de US$ 2,8 bilhões em imóveis de primeira linha mudaram de mãos; nos últimos 12 meses, a soma foi de US$ 1,5 bilhão, um declínio de mais de 46 por cento.