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Minério de ferro enfrentará prova de fogo em 2019

Krystal Chia

20/12/2018 16h04

(Bloomberg) -- Com 2019 na mira, está muito difícil encontrar investidores otimistas com o minério de ferro. Há mais perdas pela frente após a queda deste ano porque a demanda global está enfrentando os ventos contrários da esperada desaceleração da China, do aumento da oferta internacional e da ameaça gradual, embora profunda, do uso maior de sucata.

O minério de referência à vista perdeu cerca de 5 por cento em 2018, e os preços médios foram de US$ 69,11 a tonelada, segundo o Mysteel.com. O Morgan Stanley prevê um preço de US$ 62 no ano que vem com perspectiva pessimista. O Barclays alertou para uma queda para US$ 59 no segundo trimestre. O Goldman Sachs prevê uma queda para US$ 60 em 12 meses.

Um recuo do minério de ferro afetaria os resultados das maiores mineradoras, como BHP, Rio Tinto e Vale, mas devido aos custos baixos as margens continuarão amplas. A expectativa é que, no ano que vem, surjam toneladas adicionais da Vale, que continuará ampliando a enorme mina S11D, e existe o potencial de retomada das operações da Minas Rio, da Anglo American. Ao mesmo tempo, a maior economia da Ásia está esfriando, e o Instituto de Planejamento e Pesquisa da Indústria Metalúrgica da China, um órgão estatal que realiza prognósticos, prevê a queda da produção de aço e da demanda por minério de ferro.

"O minério de ferro foi respaldado pela forte atividade da construção na China até novembro", afirmou o Morgan Stanley, em uma projeção anual, neste mês. "Apesar da perspectiva de demanda estável, o contínuo aumento da oferta provavelmente empurrará o mercado equilibrado deste ano para uma condição de excesso de oferta e derrubará o preço em 2019."

Aumento do excedente

O banco projeta que o transporte marítimo global passará do pequeno superávit de 24 milhões de toneladas deste ano para 62 milhões de toneladas em 2019, e que crescerá para quase 100 milhões de toneladas em 2021. Existe o "risco de excesso de oferta", afirmou.

A China produz metade do aço do mundo e suas siderúrgicas são as maiores consumidoras da exportações de minério, recebendo a maior parte dos carregamentos da Austrália e do Brasil. A produção de aço da parte continental do país registra um ritmo recorde neste ano, enquanto o setor se ajusta às restrições anuais antipoluição que limitam a produção no inverno.

A guerra comercial entre Washington e Pequim, em constante mudança, é um dos riscos para o ano que vem. Enquanto o impasse ganhava escala, em 2018, o minério de ferro se manteve firme porque a China adicionou estímulo, apesar de o declínio recente na rentabilidade das usinas ter reduzido os preços de referência e as diferenças de preço entre minérios de qualidades variadas.

O setor de materiais básicos da China, incluindo o aço, "será testado novamente no ano que vem", escreveram analistas do Goldman, incluindo Trina Chen, em nota recente, embora tenham avisado que as commodities escaparão de um colapso como o observado em 2015, quando o minério de ferro recuou 39 por cento. No caso do aço, o banco prevê uma queda de quase 5 por cento na demanda, impulsionada pelo investimento menor dos governos locais em infraestrutura.