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Mercado de trabalho aquecido iguala benefícios nos EUA

Rebecca Greenfield

26/12/2018 14h56

(Bloomberg) -- Quando um dos 900 funcionários horistas da Rent the Runway morreu, a CEO Jennifer Hyman teve que lidar com uma dura realidade. Os colegas de trabalho dele, um grupo próximo que incluía alguns de seus familiares, não puderam parar de trabalhar para ir ao enterro.

Se eles estivessem entre os 300 funcionários assalariados da empresa, isso não teria sido um problema. Os benefícios desse grupo incluíam licença de luto, licença parental paga e dias livres para cuidar de familiares doentes, além de convites para dias de praia ou de esqui ocasionais para toda a empresa.

Não era justo e pouco depois Hyman decidiu que toda a sua força de trabalho teria benefícios iguais, tornando a Rent the Runway uma das empresas que estão ampliando os benefícios para funcionários horistas e de meio período. Quase metade das 391 empresas consultadas pela International Foundation of Employee Benefit Plans oferece agora a mesma cobertura de plano de saúde para todos os funcionários. Cerca de um terço também oferece licença de maternidade ou paternidade paga a seus funcionários de meio período, segundo a pesquisa.

Neste mês, a Best Buy anunciou um auxílio-creche subsidiado para todos os seus funcionários, encerrando um ano que começou quando a Starbucks e o Walmart estenderam suas políticas de licença de maternidade e paternidade para trabalhadores horistas e de meio período. A General Mills melhorou a licença para mães e pais de recém-nascidos e aumentou o tempo de folga pago por luto e para o cuidado de familiares doentes. No verão, The Wing, um espaço de co-working em Nova York com locais em todo o país, expandiu os benefícios de saúde e aposentadoria para seus 300 funcionários, com o objetivo de fazer o mesmo com as licenças de maternidade e paternidade.

Nova lógica

As empresas normalmente acreditam que os trabalhadores de meio período ou horistas não precisam de todos os benefícios: são estudantes, adolescentes ou pais que ficam em casa e trabalham para ganhar dinheiro extra como uma atividade secundária. Essa lógica não se sustenta mais. "Muitas pessoas que trabalham na H&M têm filhos e precisam de tempo para cuidar dos filhos", disse Artavia Milliam, uma funcionária da H&M que ajudou a negociar mais benefícios para seus colegas de meio período.

As pessoas com mais de um emprego compõem 5,1 por cento da força de trabalho dos EUA, um número que se manteve estável mesmo quando a economia se recuperou da recessão. A tendência sugere que, em partes da economia, posições de tempo integral foram substituídas permanentemente por trabalhadores de meio período, que geralmente ganham menos e têm menos estabilidade.

Ampliar benefícios para todos os trabalhadores pode ser caro. "Há custos iniciais ao fazer isso", disse Hyman, da Rent the Runway. Os empregadores gastam quase US$ 30.000 por ano em planos de saúde pagos pelo empregador para cada funcionário com uma família de quatro pessoas.

Hyman acredita que os custos adicionais serão recompensados. Por um lado, melhores benefícios aumentarão a retenção e gerarão economia em treinamento e contratação, diz ela. Além disso, como os trabalhadores horistas não tinham tanta flexibilidade ou tempo de folga, alguns tiveram que pedir demissão para cuidar de familiares doentes. "Você pode imaginar um executivo sênior em uma empresa do ranking Fortune 100 tendo que escolher entre o luto por um alguém da família e manter o emprego?", diz Hyman.