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Sócio comercial da Nissan na Arábia Saudita defende Ghosn

Brian Bremner e Kae Inoue

08/01/2019 14h25

(Bloomberg) -- O parceiro comercial da Nissan Motor na Arábia Saudita disse que sua empresa ajudou a montadora a resolver uma disputa com concessionárias e a abrir caminho para uma joint venture ao justificar US$ 14,7 milhões em pagamentos que estão sendo analisados pelos promotores de Tóquio na investigação do presidente demitido da Nissan, Carlos Ghosn.

Controlada por Khaled Juffali, descendente de uma poderosa família de empresários e presidente de um dos maiores conglomerados do reino, a E.A. Juffali & Brothers defendeu Ghosn em sua primeira declaração pública desde que os promotores de Tóquio prenderam novamente o executivo do setor automobilístico em 21 de dezembro, sob suspeita de transferir indevidamente perdas de investimentos pessoais para a montadora japonesa.

"Os US$ 14,7 milhões em pagamentos realizados ao longo de quatro anos pela Nissan Motor foram para fins comerciais legítimos, a fim de apoiar e promover a estratégia de negócios da Nissan no Reino da Arábia Saudita e incluíram o reembolso de despesas de negócios", segundo comunicado emitido em nome da empresa Khaled Juffali pelo seu representante de relações públicas em Nova York, Terry Rooney, fundador e CEO da RooneyPartners.

Drama

Em um problema judicial que deixou o setor automobilístico mundial estupefato, Ghosn está em uma prisão japonesa desde que foi preso pela primeira vez em 19 de novembro. Em meados de dezembro, ele e o ex-diretor representativo Greg Kelly foram acusados de subnotificar seus rendimentos nas declarações financeiras da Nissan. Kelly foi libertado sob fiança.

Em 21 de dezembro, os promotores de Tóquio aumentaram as apostas prendendo novamente Ghosn sob suspeita de "quebra de confiança agravada", por supostas transferências para a Nissan de obrigações por perdas com investimentos pessoais, causando assim danos financeiros à montadora.

Está em questão uma transação de derivativos que uma empresa ligada a Ghosn fez com o Shinsei Bank, do Japão. A operação falhou quando o iene disparou durante a crise financeira de 2008, deixando Ghosn com US$ 16,7 milhões em prejuízos não realizados, o que levou o Shinsei a exigir mais garantias.

Os promotores alegam que Ghosn primeiro transferiu sua posição para a Nissan e depois transferiu o investimento de volta para os livros contábeis de sua empresa afiliada, e que Juffali forneceu uma carta de crédito para satisfazer o banco.

Disputa

No último mandado de prisão, os promotores acusaram Ghosn de violar a Lei de Empresas do Japão, alegando que causou danos financeiros à Nissan. Se for condenado, o executivo do setor automobilístico responsável pela revitalização da Nissan no início da década de 2000 poderá enfrentar uma sentença de prisão considerável. Uma das questões é saber se Juffali entregou algo de valor em troca dos quatro pagamentos que recebeu pelo total de US$ 14,7 milhões.

Em seu comunicado, a empresa de Juffali disse que desempenhou um papel fundamental na resolução de uma disputa de concessionárias com um parceiro local que havia deprimido as vendas da Nissan no Oriente Médio e na obtenção de aprovação do governo para uma joint venture chamada Nissan Saudi Arabia.

Além disso, a empresa de Juffali "trabalhou durante anos para garantir a aprovação e o financiamento de uma nova fábrica da Nissan no Reino da Arábia Saudita", segundo o comunicado. "Claramente, a Khaled Juffali prestou serviços múltiplos e tangíveis que continuam a reverter em benefícios substanciais para a Nissan Motor e a Nissan Middle East."

--Com a colaboração de Lisa Du.

Repórteres da matéria original: Brian Bremner em Tóquio, bbremner@bloomberg.net;Kae Inoue em Tóquio, kinoue@bloomberg.net