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Legacy aposta em NTN-B longa e vê bolsa a 120 mil pontos

Felipe Marques e Vinícius Andrade

28/01/2019 14h46

(Bloomberg) -- A Legacy Capital Gestão de Recursos, criada em março por ex-executivos do Santander Brasil, está superando outros pares lançados no últimos anos, após uma aposta bem-sucedida na ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência.

A gestora, que já captou quase R$ 2 bilhões (US$ 526 milhões), prevê um ano promissor para a maior nação da América Latina -- a menos que a economia global atrapalhe.

"Seguimos com uma visão otimista de Brasil e vamos continuar surfando nesse sentido", disse Felipe Guerra, sócio-fundador e diretor de investimentos da Legacy, que passou oito anos como diretor de tesouraria do Santander Brasil. "O externo permitindo, os preços de ativos do Brasil vão melhorar."

O principal fundo da Legacy, Capital Master FIM, apresentou um retorno total de 10 por cento nos últimos seis meses, de acordo com cálculos da Bloomberg, 7 pontos percentuais acima da taxa DI e superior ao retorno médio da indústria, de 4,7 por cento, considerando 144 fundos com um perfil similar.

O objetivo de Guerra é chegar rapidamente a R$ 3,5 bilhões sob gestão, ponto a partir do qual ele planeja fechar temporariamente o fundo para novos investimentos. Ao longo do tempo, ele quer ter até R$ 10 bilhões no carro-chefe.

Uma das estratégias da Legacy tem sido ficar aplicado na NTN-B com vencimentos longos, por conta do cenário de queda de juros, de acordo com Gustavo Pessoa, responsável pela mesa proprietária de renda fixa da Legacy. A Legacy também está comprada no mercado acionário local e vê espaço para o Ibovespa chegar até 120 mil pontos,

As duas apostas contam com o avanço do governo Bolsonaro na agenda econômica, a partir de uma reforma do sistema previdenciário. Isso significaria que o presidente está seguindo o conselho do ministro da Economia, Paulo Guedes.

"Guedes está escrevendo uma Bíblia. Ele vai colocar lá os Dez Mandamentos, o Bolsonaro vai aceitar uns seis ou sete e essas vão ser as prioridades do governo", disse Guerra. "Isso ainda não está claro, mas acredito que o Bolsonaro vai subscrever esses princípios."

Apostar em Bolsonaro já trouxe ganhos para a gestora no passado.

Armado com um estudo dizendo que a principal pesquisa de opinião no Brasil tende a subestimar os votos nos candidatos de direita, Guerra e seu time fizeram uma aposta otimista uma semana antes do primeiro turno da eleição, acreditando que ou Bolsonaro ganharia diretamente no primeiro turno ou iria para o segundo turno com uma vantagem decisiva. Não apenas a aposta foi acertada, como a eleição de uma onda de aliados de Bolsonaro no Congresso contribuiu para o rali do mercado.

Enquanto está otimista com o Brasil, Guerra se diz inquieto com o resto do mundo.Dependendo da melhora do cenário global, Guerra diz que o fundo vai começar a favorecer ações sobre juros no Brasil. Ele acredita que os investidores estão sub-avaliando as empresa brasileiras, que estão sendo negociadas perto de seus múltiplos médios nos últimos cinco anos -- um período no qual o Brasil enfrentou sua pior crise econômica da história.

As principais apostas em ações são empresas de consumo e estatais.

Um ativo do qual a Legacy tem permanecido longe? O real, já que ele é muito dependente dos fatores globais e teria sido a pior aposta a se fazer no fim do ano passado, em relação a juros ou ações, segundo Guerra.