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País mais feliz tem choque de realidade na geração de empregos

Leo Laikola

28/01/2019 15h11

(Bloomberg) -- A Finlândia é classificada como o país mais feliz do mundo, mas sua população está envelhecendo mais rapidamente do que na maioria dos países e isso pressiona o governo a levar mais pessoas ao mercado de trabalho para ajudar a pagar aqueles que se aposentam.

A correção do mercado de trabalho do país provavelmente dominará a agenda quando os finlandeses forem às urnas, em 14 de abril, para eleger um novo governo. O novo governo precisará elevar a taxa de emprego para 75 por cento dos finlandeses em idade ativa até 2023 e para 80 por cento posteriormente, segundo um relatório de funcionários públicos publicado nesta segunda-feira que descreve os principais desafios futuros.

O índice está atualmente em 72 por cento, cumprindo uma meta de 2015 definida pelo primeiro-ministro Juha Sipilä, que na época era considerada quase impossível. Naquele ano, apenas 68 por cento das pessoas em idade ativa tinham empregos, o país estava deixando três anos de recessão econômica para trás -- a segunda desde a crise financeira -- e o clima era sombrio.

Agora, com cerca de 140.000 pessoas a mais trabalhando em relação a quando Sipilä assumiu o cargo, ainda são necessários cerca de 150.000 novos empregos para proteger o modelo de bem-estar da integrante mais ao norte da zona do euro, segundo o relatório.

"O financiamento do nosso modelo de bem-estar nórdico, que nos torna o país mais feliz do mundo, com um padrão de vida incrivelmente elevado, depende de níveis de emprego mais altos", disse o economista-chefe do Nordea Bank, Aki Kangasharju, em entrevista. A Finlândia precisa que "todos os que são capazes de trabalhar tenham emprego".

No domingo, Sipilä disse que, mantendo-se um crescimento econômico em torno de 2 por cento, será gerado um aumento gradual do emprego em direção à meta. Quando o governo da Finlândia "conseguir elevar a taxa de emprego de maneira permanente para mais de 75 por cento, isso realmente resolverá totalmente a diferença de gastos", disse em entrevista à YLE Radio Suomi.

O governo já implementou várias medidas para estimular o emprego, incluindo a redução do custo da mão de obra e a introdução do chamado modelo ativo, pensado para voltar a dar trabalho aos desempregados que procuram emprego. Houve também muitas contratações após o crescimento da economia mundial. Mas esse vento a favor está prestes a parar de soprar porque o crescimento está perdendo força na maioria das grandes economias.

Kangasharju, do Nordea, diz que o remédio são mais reformas do mercado de trabalho para aumentar o número de empregos disponíveis. Do contrário, os finlandeses precisarão se preparar para um aperto de cinto maior.

"Se não atingirmos níveis mais altos de emprego, enfrentaremos mais austeridade, com cortes de gastos e empregos no setor público, levando a receitas fiscais menores e maiores gastos com desemprego", disse Kangasharju.