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Generais mantêm apoio a Maduro apesar de promessas da oposição

Ethan Bronner e Andrew Rosati

13/02/2019 15h31

(Bloomberg) -- Com uma calma perturbadora, ele confessou uma traição - a tentativa de destituir o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Os colombianos, disse ele, lhe garantiram liberdade de saída e entrada; a CIA se reuniu com ele.

Oswaldo García Palomo, um coronel da Guarda Nacional Venezuelana aposentado e fugitivo que tinha defendido publicamente um golpe de Estado, voltou à Venezuela no fim de janeiro a fim de incitar uma revolta. Mas, conforme observado pelo ministro da Informação, Jorge Rodríguez, na semana passada, quando reproduziu a confissão do coronel aos jornalistas, García começou a ser monitorado assim que chegou.

Essa não era a imagem que a oposição tentava projetar. Desde que Juan Guaidó se declarou presidente interino, há três semanas, e ofereceu anistia aos oficiais que abandonassem Maduro, mais de 30 países, encabeçados pelos EUA, elogiaram a medida, na expectativa de que os militares aderissem. Ninguém correu para trocar de bando.

Em um país com mais de 2.000 generais e almirantes, apenas um oficial superior - que não comanda tropas - jurou lealdade a Guaidó. O mesmo fizeram dois coronéis (um médico e um adido militar em Washington). Guaidó disse que se reuniu em particular com outros oficiais e que mais se unirão a ele. Ele tem certeza, e talvez tenha razão.

No entanto, a captura e a confissão de García mostram a dura tarefa que Guaidó tem pela frente.

"As forças armadas venezuelanas são uma das instituições mais espionadas do mundo", disse Diego Moya-Ocampos, consultor de risco político da IHS Markit em Londres. "O alto comando é beneficiado por um sistema complexo de clientelismo no qual eles têm direitos preferenciais sobre tudo. Na prática, Maduro dirige um governo militar."

Promessas em dúvida

Analistas veteranos dizem que os generais duvidam que as promessas feitas sejam cumpridas. Este é um dos principais motivos pelos quais a revolução não está avançando tão rápido quanto alguns esperavam em 23 de janeiro, quando Guaidó entusiasmou o mundo com sua declaração. Isso gerou impaciência e acusações. As autoridades dos EUA e o círculo de Guaidó - bem como os líderes do Brasil e da Colômbia - se entreolham com receio de fracassar. Oficiais de ambos os bandos disseram confidencialmente que supuseram que os outros tivessem uma estratégia mais desenvolvida.

O plano de enviar ajuda humanitária a fim de auxiliar os famintos e desafiar o governo de Maduro estagnou. A convicção de que um embargo petroleiro pressionará os líderes é colocada em dúvida por outras fontes de renda. A Rússia e a China continuam sendo aliadas e clientes do petróleo venezuelano. A Venezuela afirma que dobrará suas exportações de petróleo para a Índia. E centenas de milhões de dólares em dinheiro ilegal do tráfico de drogas entram nas contas bancárias dos líderes do país, segundo os EUA.

Pedir que os soldados obedeçam a um novo presidente "pode ter sido um erro", disse Alonso Medina, advogado e defensor dos direitos humanos. "Temos que lembrar que durante 20 anos, as forças armadas têm sido um apêndice do partido socialista que está no poder, e só agora a oposição está falando com elas."

--Com a colaboração de Matthew Bristow.

Repórteres da matéria original: Ethan Bronner em N York, ebronner@bloomberg.net;Andrew Rosati em Caracas, arosati3@bloomberg.net